RESUMEN
RESUMO OBJETIVO: Este artigo objetiva fornecer instrumentação teórica e metodológica inicial para auxiliar a produção de análises temáticas sob orientação interseccional em estudos qualitativos de base empírica em saúde. Argumenta-se que o encontro da perspectiva interseccional com a análise temática tem o potencial de atualizar essa última - bastante popular nas investigações qualitativas no campo da saúde - acerca das importantes discussões sobre os múltiplos e relacionados padrões de privilégio e opressão que operam nos níveis estrutural e institucional e produzem experiências de desvantagem relativa nos indivíduos segundo suas posições de gênero, raça/cor, classe, sexualidade, geração, entre outras. MÉTODO: Este trabalho, com caráter ensaístico e metodológico, foi realizado a partir de um artigo que analisou dados empíricos qualitativos de um estudo longitudinal demonstrativo da Profilaxia Pré-Exposição sexual ao HIV (PrEP) entre jovens de 15 a 19 anos em três capitais brasileiras. Foram discutidas as limitações, os desafios e as potencialidades dos esforços teóricos e metodológicos empreendidos pelos seus autores, e apresentada uma proposta de operacionalização da análise temática com sensibilidade interseccional. RESULTADOS: Observou-se que a análise temática com sensibilidade interseccional pode ser potencializada com a utilização de triangulação de técnicas para a produção de dados qualitativos. A proposição inicial, desde a etapa do desenho da pesquisa, da construção e da aplicação dos instrumentos de produção de dados com intencionalidade interseccional favorece e viabiliza o reconhecimento das relações entre marcadores sociais nas categorias analíticas. DISCUSSÃO: O fato de a perspectiva teórico-metodológica da interseccionalidade não estar presente desde a concepção da pesquisa e a fase de produção dos dados não inviabiliza a utilização da interseccionalidade como ferramenta metodológica, embora possa implicar algumas limitações em termos de análise e discussão dos resultados. Tais limitações podem ser contornadas com a proposição de pressupostos de caráter interseccional e o cotejamento dos resultados com a literatura referente ao tema e objeto de estudo.
ABSTRACT OBJECTIVE: This study aims to provide theoretical and methodological tools to assist in producing thematic analyses guided by an intersectional approach in empirically-based qualitative health studies. It argues that combining an intersectional perspective with thematic analysis can update the latter-which is quite popular in qualitative health investigations-regarding meaningful discussions about multiple and interconnected patterns of privilege and oppression that operate structurally and institutionally, producing experiences of relative disadvantage in individuals according to their gender, race/ethnicity, class, sexuality, generation, among other positions. METHODS: Based on an article that analyzed qualitative empirical data from a longitudinal demonstrative study on pre-exposure prophylaxis for HIV (PrEP) in adolescents and young people aged 15 to 19 years in two Brazilian capitals, this study discusses the limitations, challenges, and potentialities of the theoretical and methodological efforts undertaken by those authors. Additionally, this research that offers a proposal for operationalizing thematic analysis with intersectional sensitivity. RESULTS: It observed that triangulating techniques can enhance thematic analysis with intersectional sensitivity to produce qualitative data. Adopting an a priori intersectional proposal, starting from the research design phase, construction, and application of data production instruments with intersectional intentionality, enables the recognition of the relations between social markers in analytical categories. DISCUSSION: However, the absence of an intersectional theoretical-methodological perspective to conceive research and produce data fails to render intersectionality as a methodological tool unfeasible, although it may limit result analysis and discussion. Such limitations can be addressed by proposing intersectional assumptions and comparing the results with literature related to the theme and object of study.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Adolescente , VIH , Investigación Cualitativa , Profilaxis Pre-Exposición , Minorías Sexuales y de Género , Marco Interseccional , Brasil , MétodosRESUMEN
RESUMO OBJETIVO: Avaliar se adolescentes de minorias sexuais que iniciaram a profilaxia pré-exposição sexual (PrEP) em organizações comunitárias (OC) apresentam maior vulnerabilidade social e ao HIV em comparação com adolescentes em PrEP de um serviço de saúde convencional. Além disso, avaliar se esses adolescentes tiveram um acesso mais oportuno à profilaxia. MÉTODOS: Estudo demonstrativo da efetividade de PrEP, realizado na cidade de São Paulo, em duas OC, localizadas no centro (OC-centro) e na periferia (OC-periferia), e em um serviço convencional de testagem para o HIV (CTA-centro). Foram elegíveis para PrEP, entre 2020 e 2022, adolescentes homens cisgêneros que fazem sexo com homens (aHSH), travestis, mulheres transexuais e pessoas transfemininas (aTTrans), de 15 a 19 anos, HIV-negativos e com práticas de maior risco para o HIV. Indicadores de acesso oportuno e de vulnerabilidades dos adolescentes iniciando PrEP nas OC foram analisados, tendo por referência o CTA-centro e empregando regressão logística multinomial. RESULTADOS: 608 adolescentes iniciaram PrEP nas OC e CTA-Centro. Adolescentes das OC estiveram associados a um menor tempo de início de PrEP (1-7 dias; OC-periferia: ORa = 2,91; IC95% 1,22-6,92; OC-centro: ORa = 1,91; IC95% 1,10-3,31); e a um menor IDH de moradia (OC-centro: ORa = 0,97; IC95% 0,94-1,00; OC-periferia: ORa = 0,82; IC95% 0,78-0,86). Na OC-periferia houve aumento na chance de os adolescentes serem mais jovens (ORa = 3,06; IC95% 1,63-5,75) e morarem mais próximos ao serviço (ORa = 0,82; IC95% 0,78-0,86, média 7,8 km). Enquanto adolescentes da OC-centro estiveram associados ao maior conhecimento prévio de PrEP (ORa = 2,01; IC95% 1,10-3,91) e a alta percepção de risco (ORa = 2,02; IC95% 1,18-3,44). Não estiveram associadas aos adolescentes das OC as práticas sexuais de maior risco e as situações de vulnerabilidade ao HIV. CONCLUSÕES: A oferta de PrEP nas OC facilitou o acesso de adolescentes vulnerabilizados e pode contribuir para reduzir inequidades.
ABSTRACT OBJECTIVE: To evaluate whether adolescents from sexual minorities who initiated pre-exposure prophylaxis (PrEP) in community-based organizations (COs) are more socially and HIV-vulnerable compared with their counterparts from a conventional health service. In addition, to evaluate whether these adolescents had more timely access to prophylaxis METHODS: A PrEP demonstration study was conducted in the city of São Paulo in two COs, located in the center (CO-center) and the outskirts (CO-outskirts), and a conventional HIV testing service (CTA-center). Between 2020 and 2022, cisgender male adolescents who have sex with men (aMSM), transgender and gender diverse adolescents (aTTrans) aged 15 to 19 years, HIV-negative, with higher-risk practices for HIV were eligible for PrEP. Indicators of timely access and vulnerabilities of adolescents initiating PrEP in COs were analyzed using CTA-center as a reference and multinomial logistic regression. RESULTS: 608 adolescents initiated PrEP in COs and CTA-center. Adolescents from COs were associated with a shorter time to PrEP initiation (1-7 days; CO-outskirts: ORa = 2.91; 95%CI 1.22-6.92; CO-center: ORa = 1.91; 95%CI 1.10-3.31); and a lower housing Human Development Index (HDI) (CO-center: ORa = 0.97; 95%CI 0.94-1.00; CO-outskirts: ORa = 0.82; 95%CI 0.78-0.86). In CO-outskirts, there was an increased chance of adolescents being younger (ORa = 3.06; 95%CI 1.63-5.75) and living closer to the service (ORa = 0.82; 95%CI 0.78-0.86, mean 7.8 km). While adolescents from the CO-center were associated with greater prior knowledge of PrEP (ORa = 2.01; 95%CI 1.10-3.91) and high-risk perception (ORa = 2.02; 95%CI 1.18-3.44), adolescents from the COs were not associated with higher-risk sexual practices and situations of vulnerability to HIV. CONCLUSION: The provision of PrEP in the COs facilitated access for vulnerable adolescents and may contribute to reducing inequities.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Adolescente , VIH , Ensayo Clínico , Organización Comunitaria , Profilaxis Pre-Exposición , Minorías Sexuales y de Género , BrasilRESUMEN
RESUMO OBJETIVO: Analisar os impactos dos sistemas de opressão intersectados no continuum do cuidado de profilaxia pré-exposição sexual (CCPrEP) entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (aGBHSH) e como estes são identificados e tratados por profissionais de saúde (PS), visando o cuidado à saúde sexual e prevenção do HIV. MÉTODOS: Estudo de investigação qualitativa integrado a uma pesquisa de coorte com aGBHSH e mulheres transexuais e travestis (aMTrT) em uso de PrEP. Foram analisados dados produzidos na cidade de São Paulo, integrando 16 entrevistas com aGBHSH e oito com PS. O referencial teórico metodológico se orientou pela categorização interativa de análise temática com enquadramento interseccional. RESULTADOS: Os conhecimentos sobre PrEP dos aGBHSH são afetados pelos efeitos negativos dos sistemas de opressão, sobretudo entre adolescentes negros que adquirem conhecimento de forma menos técnica quando comparados aos brancos. A maioria dos profissionais enxerga as opressões e as suas consequências, e confere protagonismo ao racismo, mas poucos articulam os diferentes marcadores sociais que potencializam barreiras para o sucesso do CCPrEP. CONCLUSÕES: As opressões sociais impactam o sucesso do CCPrEP de diferentes maneiras. Os PS são centrais para mitigação e não propagação dessas experiências negativas dentro do serviço de saúde e no acesso, uso e adesão à PrEP.
ABSTRACT OBJECTIVE: To analyze the impact of intersecting systems of oppression on the continuum of PrEP care among adolescent gays, bisexuals, and other men who have sex with men (aGBMSM), and to examine how health professionals (HP) identify and address these challenges to provide sexual health care and HIV prevention. METHODS: This qualitative exploratory study was part of a cohort research project involving aGBMSM, travesties, and transgender women (aTrTW) using PrEP. Data analyzed consisted of 16 interviews with aGBMSM and eight with health professionals (HPs) in São Paulo study site. The methodological and theoretical framework for the interactive categorization of thematic analysis was based on an intersectional approach. RESULTS: The knowledge of aGBMSM about PrEP was influenced by the adverse effects of systems of oppression, particularly among Black adolescents, who acquired knowledge in a less technical manner compared to White adolescents. Most professionals recognized oppression and its impact on the PrEP care continuum (PrEPCC), especially noting the presence of racism. However, few articulated how different social markers compound barriers to the success of the PrEPCC. CONCLUSION: Social oppression affects the success of the PrEP care continuum (PrEPCC) in multiple ways. Health professionals (HPs) play a crucial role in mitigating and not perpetuating these negative experiences within health services, as well as in PrEP access, use, and adherence.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Infecciones por VIH/prevención & control , Adolescente , Personal de Salud , Profilaxis Pre-Exposición , Minorías Sexuales y de Género , Marco Interseccional , BrasilRESUMEN
RESUMO OBJETIVO: Compreender as percepções e experiências de mulheres transexuais, travestis e pessoas não binárias ou de gênero fluido (MTrT+) em serviços de saúde que fazem segmento de profilaxia pré-exposição sexual (PrEP), antes e durante o contexto de pandemia, quanto às ressignificações na relação com os serviços e à continuidade da prevenção ao HIV por meio da PrEP. MÉTODOS: Investigação qualitativa e análise de material empírico produzido no âmbito de estudos mais amplos. Realizaram-se 45 entrevistas semiestruturadas com MTrT+ usuárias da PrEP da cidade de São Paulo, aplicando-se posteriormente a análise de conteúdo temática iterativa. RESULTADOS: As MTrT+ entrevistadas, com relação à pandemia de covid-19; protagonizam e ressignificam suas próprias lutas, seus cotidianos e suas formas de cuidar da saúde. Com suas particularidades, a pandemia se torna um acontecimento a mais dentre todos os demais que as MTrT+ enfrentam quotidianamente. Paralelamente, transitam pela epidemia de HIV, mas com a possibilidade de se prevenir por meio da PrEP. CONCLUSÃO: Por uma perspectiva situada e consciente, mais explícita no contexto da crise sanitária, as MTrT+ entrelaçam ações conscientes e práticas de cuidado em diálogo com os serviços de saúde. Aprofundar as investigações sobre esses grupos, a partir de uma dinâmica espaço-temporal situada em contextos específicos de produção de sentido, possibilita avançar em estratégias de prevenção e cuidado, especialmente em momentos de crise sanitárias.
ABSTRACT OBJECTIVE: To understand the perceptions and experiences of transsexual and travesti women and non-binary or gender-fluid people (TGWT+) in health services where they took pre-exposure prophylaxis (PrEP) in the periods before and during the pandemic, focusing on the resignification in the relationship with services and the continuity of HIV prevention via PrEP. METHODS: Qualitative research and analysis of empirical material generated in the context of broader studies were conducted. A total of 45 semi-structured interviews were conducted with TGWT+ PrEP users in the city of São Paulo and analyzed using iterative thematic content analysis. RESULTS: The TGWT+ interviewees gave new meanings to their struggles, daily lives and ways of caring for their health and played a central role within them. With its particularities, the COVID-19 pandemic became one more event among all the others that TGWT+ face daily. Alongside the COVID-19 pandemic, the TGWT+ were faced with the HIV epidemic, but with the possibility of prevention via PrEP. CONCLUSION: Based on a situated and conscious perspective, more explicit in the context of the health crisis, the TGWT+ intertwined conscious actions and care practices in dialog with health services. Further research on these groups from a spatiotemporal dynamic situated in specific contexts of meaning production would make it possible to advance prevention and care strategies, especially in times of health crisis.
Asunto(s)
Humanos , VIH , Investigación Cualitativa , Profilaxis Pre-Exposición , Minorías Sexuales y de Género , COVID-19 , BrasilRESUMEN
RESUMO OBJETIVO: O objetivo deste estudo é analisar o conhecimento sobre o esquema de Profilaxia Pré-Exposição ao HIV sob demanda (PrEP-SD) e a percepção do seu uso potencial entre jovens homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans (TrMT) em acompanhamento na coorte. MÉTODOS: O estudo qualitativo incluiu 50 entrevistas com participantes das cidades de Salvador e São Paulo, entre 15 e 19 anos, que estavam usando PrEP diária ou outros métodos preventivos. Eles foram abordados por meio de diferentes estratégias de criação de demanda. As entrevistas em profundidade abordaram temas como práticas sexuais, conhecimento sobre PrEP-SD, aceitabilidade e motivações para o uso. Foi realizada análise temática em duas fases usando o software Nvivo versão 12. RESULTADOS: A maioria dos participantes desconhecia a PrEP-SD e muitos questionaram a sua efetividade e segurança ao receberem informações sobre ela. No entanto, ao conhecer o esquema, muitos jovens perceberam vantagens, como a não obrigatoriedade diária de medicamentos e a possibilidade de uso apenas em momentos de maior risco. Barreiras para o uso da PrEP-SD também foram identificadas pelos participantes, como a imprevisibilidade das relações sexuais e a dificuldade em administrar as dosagens nessa modalidade. CONCLUSÕES: O conhecimento limitado e as experiências com a PrEP oral diária influenciaram o interesse por ela, o que aponta a necessidade de estratégias informativas que permitam o letramento dos jovens HSH e TrMT na PrEP-SD. Os jovens valorizaram a autonomia e a gestão da prevenção mais alinhada à dinâmica de sua vida sexual propiciada pela nova modalidade, mas enfrentam desafios na gestão da PrEP-SD.
ABSTRACT OBJECTIVE: This study aims to analyze the knowledge about the HIV event-driven pre-exposure prophylaxis (event-driven PrEP) scheme and the perception of its potential use among young men who have sex with men (MSM), travestis, and transgender women (TrTW) who were followed up in the cohort. METHODS: This qualitative study included 50 interviews with participants from the municipalities of Salvador and São Paulo, aged 15 to 19 years, who made daily use of PrEP or other preventive methods. They were addressed by different demand creation strategies. The in-depth interviews covered topics such as sexual practices, event-driven PrEP knowledge, acceptability, and motivations for its use. A two-stage thematic analysis was carried out on Nvivo, version 12. RESULTS: Most participants were unaware of event-driven PrEP, and many questioned its effectiveness and safety when receiving information about it. However, on learning about the program, many young people saw advantages, such as not having to take daily medication and the possibility of using it only at times of greater risk. Participants also found barriers to using event-driven PrEP, such as the unpredictability of sexual relations and the difficulty in administering dosages in this modality. CONCLUSION: Limited knowledge and experiences with daily oral PrEP influenced interest in event-driven PrEP, which highlights the need for information strategies that enable young MSM and TrTW to read about event-driven PrEP. Young people valued the autonomy and management of preventive methods provides by this new modality, which is more in line with the dynamics of their sexual lives, but they face challenges in managing event-driven PrEP.
Asunto(s)
Humanos , Adolescente , VIH , Investigación Cualitativa , Profilaxis Pre-Exposición , Minorías Sexuales y de Género , BrasilRESUMEN
O artigo analisa como os marcadores raça, gênero, classe social e espacialidade se interseccionam e se refletem nas tomadas de decisão em saúde, mais especificamente na (não) vacinação infantil. Trata-se de pesquisa qualitativa conduzida nas cidades de Florianópolis (SC) e São Luís (MA), Brasil, com famílias com crianças de até seis anos de idade. Neste artigo, examinam-se, por meio de análise temática, as narrativas das/dos 19 responsáveis de Florianópolis que optaram por não vacinar total ou parcialmente a(s) criança(s) sob sua responsabilidade. Gênero revela-se um importante marcador na tomada de decisão no âmbito intrafamiliar, enquanto classe social, raça e espacialidade surgem como importantes marcadores na percepção de quem são os "nós" que não precisam das vacinas e os "outros" que precisam. Os achados são discutidos pelo referencial da interseccionalidade e de estudos teóricos sobre branquitude e parentalidade neoliberal.(AU)
El artículo analiza cómo los marcadores de raza, género, clase social y espacialidad se cruzan y se reflejan en las tomas de decisión en salud, más específicamente en la (no) vacunación infantil. Se trata de una investigación cualitativa realizada en las ciudades de Florianópolis (Estado de Santa Catarina) y São Luís (Maranhão), Brasil, con familias de niños de hasta seis años de edad. En este artículo se analiza, por medio de análisis temático, las narrativas de los 19 responsables de Florianópolis que optaron por no vacunar total o parcialmente a los niños bajo su responsabilidad. El género se revela como un importante marcador en la toma de decisión en el ámbito intrafamiliar, mientras que la clase social, raza y espacialidad surgen como importantes marcadores en la percepción de quiénes son los "nosotros" que no necesitan las vacunas y los "otros" que las necesitan. Los hallazgos se discuten a partir del referencial de la interseccionalidad y de estudios teóricos sobre la blanquitud y la parentalidad neoliberal.(AU)
This article analyzes how race, gender, social class and spatiality markers intersect and are reflected in health decision-making, more specifically in childhood (non)vaccination. This qualitative study was conducted in two Brazilian cities: Florianópolis (SC) and São Luís (MA), and included families with children up to six years old. This article analyzes the narratives of 19 caregivers in Florianópolis who chose not to vaccinate (fully or partially) the child(ren) under their responsibility. In-depth interviews and thematic content analysis were conducted. Gender was an important marker in intra-family decision-making, while social class, race and spatiality emerged as important markers in the perception of who are the "us" who don't need vaccines and the "others" who do. The findings are discussed using the theoretical framework of whiteness and neoliberal parenting studies.(AU)
RESUMEN
Resumo: A vacinação tem papel relevante para conter os avanços da pandemia de COVID-19. No entanto, a hesitação vacinal com os imunizantes que agem contra o SARS-CoV-2 tem causado preocupação em âmbito global. Esta revisão de escopo tem como objetivo mapear a literatura científica sobre a hesitação vacinal contra a COVID-19 na América Latina e África sob uma perspectiva da Saúde Global, observando as particularidades do Sul Global e o uso de parâmetros validados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O relato da revisão segue as recomendações do protocolo PRISMA para Revisões de Escopo (PRISMA-ScR). O levantamento foi realizado nas bases de dados PubMed, Scopus, Web of Science e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), selecionando estudos publicados entre 1º de janeiro de 2020 e 22 de janeiro de 2022, os quais indicam que a hesitação vacinal contra a COVID-19 envolve fatores como o cenário político, a disseminação de desinformação, diferenças regionais referentes ao acesso à Internet, falta de acesso à informação, o histórico de resistência à vacinação, falta de informações sobre a doença e a vacina, preocupação com eventos adversos, eficácia e segurança dos imunizantes. Quanto ao uso dos referenciais conceituais e metodológicos da OMS sobre hesitação vacinal, poucos estudos (apenas 6 de 94) utilizam instrumentos de pesquisa baseado neles. Desta forma, a replicação de parâmetros conceituais e metodológicos elaborados por expertises do Norte Global em contextos do Sul Global tem sido criticada pela perspectiva da Saúde Global, em decorrência da possibilidade de não considerar as especificidades políticas e socioculturais, as diferentes nuances de hesitação vacinal e questões de acesso às vacinas.
Resumen: La vacunación tiene un papel relevante para frenar los avances de la pandemia de COVID-19. Sin embargo, la indecisión a las vacunas contra el SARS-CoV-2 ha causado preocupación a nivel global. Esta revisión de alcance tiene como objetivo mapear la literatura científica sobre la indecisión a las vacunas contra COVID-19 en América Latina y África desde una perspectiva de la Salud Global, observando las particularidades del Sur Global y el uso de parámetros validados por la Organización Mundial de la Salud (OMS). El informe de la revisión sigue las recomendaciones del protocolo PRISMA para Revisiones de Alcance (PRISMA-ScR). La encuesta se realizó en las bases de datos PubMed, Scopus, Web of Science e Biblioteca Virtual en Salud (BVS), seleccionando los estudios publicados entre 1º de enero de 2020 y 22 de enero de 2022. Los estudios seleccionados indican que la indecisión a las vacunas de COVID-19 involucra factores como el escenario político, la diseminación de desinformación, las diferencias regionales de cada territorio referente al acceso a Internet, la falta de acceso a la información, el historial de resistencia a la vacunación, la falta de informaciones sobre la enfermedad y la vacuna, la preocupación por los eventos adversos, la eficacia y la seguridad de los inmunizantes. En cuanto al uso de los referenciales conceptuales y metodológicos de la Organización Mundial de la Salud (OMS) sobre la indecisión a las vacunas, pocos estudios (6/94) utilizan instrumentos de investigación basados en esos referenciales. Así, la replicación de parámetros conceptuales y metodológicos elaborados por expertos del Norte Global en contextos del Sur Global ha sido criticada por la perspectiva de la Salud Global, por la posibilidad de no considerar las especificidades políticas y socioculturales, los diferentes matices de la indecisión a las vacunas y cuestiones de acceso a las vacunas.
Abstract: Vaccination has played an important role in the containment of COVID-19 pandemic advances. However, SARS-CoV-2 vaccine hesitancy has caused a global concern. This scoping review aims to map the scientific literature on COVID-19 vaccine hesitancy in Latin America and Africa from a Global Health perspective, observing the particularities of the Global South and using parameters validated by the World Health Organization (WHO). The review reporting observes the recommendations of the PRISMA for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) model. Search was conducted in PubMed, Scopus, Web of Science, and Virtual Health Library (VHL) databases, selecting studies published from January 1, 2020 to January 22, 2022. Selected studies indicate that COVID-19 vaccine hesitancy involves factors such as political scenario, spread of misinformation, regional differences in each territory regarding Internet access, lack of access to information, history of vaccination resistance, lack of information about the disease and the vaccine, concern about adverse events, and vaccine efficacy and safety. Regarding the use of conceptual and methodology references from the WHO for vaccine hesitancy, few studies (6/94) use research instruments based on these references. Then, the replication in Global South of conceptual and methodological parameters developed by experts from the Global North contexts has been criticized from the perspective of Global Health because of it may not consider political and sociocultural particularities, the different nuances of vaccine hesitancy, and issues of access to vaccines.
RESUMEN
Abstract: In view of the growing concern about the use of qualitative approach in health research, this article aims to analyze how the qualitative theoretical-methodological framework of HIV prevention is presented in empirical research. We conducted an integrative literature review with the following guiding questions: "How is the qualitative theoretical-methodological framework expressed in empirical research on HIV prevention?"; "What are the limits and potentials of the qualitative methodological designs employed?". In the qualitative methodological discussion, five dimensions guided the methodological course and the presentation of findings, from the analysis of the characterization of qualitative studies to the contextualization of the studies and the methodological approaches used, highlighting the use of semi-structured interviews with thematic content analysis. We also examined social categories and analytical references, drawing attention to the plurality of these theoretical-conceptual references and to the authors' polyphony, and identified the limits and potentials of qualitative research. This study focuses on a scientific topic that is related to a wide variety of social groups and analyzes how they are affected by it, examining issues related to social inequality and other analytical possibilities surrounding HIV prevention, and providing resources for a comprehensive methodological discussion. Hence, avoiding the risk of conducting qualitative research based on checklists that limit inventiveness and openness to different designs and forms of execution and analysis is as pivotal as ensuring that the research is consistent and detailed in publications.
Resumo: Em vista da crescente preocupação com o uso da abordagem qualitativa na pesquisa em saúde, este artigo visa analisar como o referencial teórico-metodológico qualitativo da prevenção do HIV é apresentado na pesquisa empírica. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura com as seguintes questões norteadoras: "Como o referencial teórico-metodológico qualitativo se expressa nas pesquisas empíricas de prevenção do HIV?"; "Quais são os limites e o potencial dos desenhos metodológicos qualitativos empregados?". Cinco dimensões orientaram o fluxo metodológico e a apresentação dos resultados para a discussão metodológica qualitativa, desde a análise da caracterização dos estudos qualitativos até a contextualização destes e as abordagens metodológicas utilizadas, destacando o uso de entrevistas semiestruturadas com análise de conteúdo temático. Além disso, foram examinadas categorias sociais e referências analíticas, destacando-se a pluralidade destas referências teórico-conceituais e a polifonia dos autores, e foram identificados os limites e as possibilidades da pesquisa qualitativa. Assim, esse é um tema científico que articula o estudo com uma diversidade significativa de grupos sociais e como eles são afetados, assim como questões relacionadas à desigualdade social e outras possibilidades analíticas que envolvem a prevenção do HIV, fornecendo recursos para uma discussão metodológica abrangente. Portanto, evitar o risco de realizar pesquisas qualitativas com base em roteiros que limitam a inventividade e a abertura para diferentes desenhos e maneiras de executar e analisar a abordagem qualitativa é tão essencial quanto garantir que a pesquisa seja consistente e detalhada nas publicações.
Resumen: Ante la creciente preocupación por el uso del enfoque cualitativo en la investigación en salud, este artículo tiene el objetivo de analizar cómo se presenta el marco teórico-metodológico cualitativo de la prevención del VIH en la investigación empírica. Se realizó una revisión integradora de la literatura con las siguientes preguntas orientadoras: "¿Cómo se expresa el marco teórico-metodológico cualitativo en las investigaciones empíricas de prevención del VIH?"; "¿Cuáles son los límites y el potencial de los diseños metodológicos cualitativos empleados?". Cinco dimensiones han guiado el flujo metodológico y la presentación de los resultados para la discusión metodológica cualitativa, desde el análisis de la caracterización de los estudios cualitativos hasta su contextualización y los enfoques metodológicos utilizados, destacando el uso de entrevistas semiestructuradas con análisis de contenido temático. Además, se examinaron las categorías sociales y los referentes analíticos, destacando la pluralidad de estos referentes teórico-conceptuales y la polifonía de los autores, y se identificaron los límites y las posibilidades de la investigación cualitativa. Así, este es un tema científico que articula el estudio con una diversidad significativa de grupos sociales y cómo son afectados, así como cuestiones relacionadas con la desigualdad social y otras posibilidades analíticas que involucran la prevención del VIH, proporcionando recursos para una discusión metodológica completa. Por lo tanto, evitar el riesgo de realizar investigaciones cualitativas basadas en guiones que limitan la creatividad y la apertura a diferentes diseños y formas de ejecutar y analizar el enfoque cualitativo es tan esencial como asegurar una investigación consistente y minuciosa en las publicaciones.
RESUMEN
Resumo: A Organização das Nações Unidas tem destacado a possibilidade de eliminar a epidemia de HIV como um problema de saúde pública. Porém, um aumento da incidência em adolescentes e jovens tem indicado um maior distanciamento entre a resposta ao HIV e as especificidades próprias das novas gerações, que pode estender a epidemia por um longo período. Frente a isso, é discutido que a oferta de uma cesta universal de métodos preventivos, mesmo que altamente eficazes, e um conservadorismo que internalizou o estigma em políticas governamentais, inviabilizam o adequado e necessário diálogo entre as atuais políticas preventivas e as necessidades das novas gerações. Estas gerações que são marcadas por uma representação social da aids com menor gravidade; novas performances de gênero e de orientação sexual; e a busca de um maior protagonismo nas interações afetivas e sexuais, o que inclui o uso mais frequente de aplicativos de encontro de parcerias e de substâncias na cena de sexo. É apresentado como proposta de uma nova política a hierarquização da oferta de métodos preventivos, com a priorização da profilaxia pré-exposição (PrEP) e o enfrentamento dos determinantes sociais da epidemia do HIV, incluindo estratégias de redução do estigma. Reforça-se, ainda, a importância da participação de adolescentes e jovens na construção da política e a necessidade de uma resposta intersetorial.
Resumen: Las Naciones Unidas señalan la posibilidad de eliminar la epidemia del VIH como un problema de salud pública. Sin embargo, un incremento de la incidencia de esta enfermedad en adolescentes y jóvenes muestra una mayor distancia entre la respuesta al VIH y las especificidades de las nuevas generaciones, lo que puede extender la epidemia durante un largo periodo. En este contexto, se discute que la oferta de una canasta universal de métodos preventivos, aunque altamente efectivos, y que un conservadurismo que interiorizó el estigma en las políticas gubernamentales hacen inviable un adecuado y necesario diálogo entre las políticas preventivas actuales y las necesidades de las nuevas generaciones. Estas generaciones están marcadas por una representación social del sida con menos gravedad, por nuevas actuaciones de género y orientación sexual y por la búsqueda de un mayor protagonismo en las interacciones afectivas y sexuales, que incluye el uso más frecuente de aplicaciones para encontrar parejas y de sustancias en la escena sexual. Se presenta como propuesta de una nueva política la priorización de la oferta de métodos preventivos, con la priorización de la profilaxis preexposición (PrEP) y la confrontación de los determinantes sociales de la epidemia del VIH, que incluyen estrategias para reducir el estigma. También refuerza la importancia de la participación de los adolescentes y jóvenes en la construcción de la política y la necesidad de una respuesta intersectorial.
Abstract: The United Nations has underscored the possibility of ending the HIV epidemic as a public health problem. However, an increase in the incidence among adolescents and youth has indicated a greater distance between HIV responses and the specificities of the new generations, which can maintain the epidemic for an extended period. Regards this matter, it is debated that the provision of a range of preventive methods, even if highly effective, and a conservatism that has internalized stigma within government policies, hinder the proper and essential dialogue between current preventive policies and the needs of the new generations. These generations are marked by a social representation of AIDS as a mild disease, by new gender and sexuality performances, and by the search for a more critical role in affective and sexual encounters, which includes frequent use of dating apps and substances. The hierarchy of the delivery of prevention methods is presented as a proposal for a new policy, prioritizing pre-exposure prophylaxis (PrEP) and addressing the social determinants of the HIV epidemic, including strategies to mitigate stigma. The importance of the participation of adolescents and youth in constructing the policy and the need for an intersectoral response are also reinforced.
RESUMEN
The HIV epidemic has a disproportionate impact on adolescent and young men who have sex with men (AMSM) and transgender women and travestis (ATGW), with an increased HIV prevalence over the last 10 years. Violence affects the lives of these populations, undermining their ability to self-care and making them more vulnerable to HIV infection. In this study, we aimed to examine the association between different types of victimization by violence and discrimination and sexual health practices of these adolescent populations in steady and casual relationships. We conducted a cross-sectional study using baseline data from the cohort of PrEP1519 project. We used the mean score of sexual health practices as our outcome and the cumulative score of discrimination (within family, community, education, religious, online and public spaces) and violence (physical, sexual and intimate partner) as our exposure variable. We performed linear regression analyses to estimate the association between exposure and outcome. We found that 90% of AMSM and 95% of ATGW experienced at least one form of violence in the three months prior to this study and about 45% of ATGW suffered sexual violence during the same period. Experiencing discrimination within healthcare settings (from facilities or providers) was negatively associated with sexual health practices. Discrimination and violence negatively affect sexual health practices. HIV prevention and care of AMSM and ATGW people should involve listening to their experiences and addressing discrimination and violence in this population.
A epidemia de HIV afeta desproporcionalmente homens adolescentes que fazem sexo com homens (AHSH) e mulheres transgênero e travestis. Nos últimos 10 anos, a prevalência do HIV aumento. A violência afeta a vida dessas populações adolescentes, comprometendo sua capacidade de autocuidado e tornando-as mais vulneráveis à infecção pelo HIV. Este estudo buscou examinar a associação entre diferentes tipos de vitimização por violência e discriminação e práticas de saúde sexual entre essas populações adolescentes em relacionamentos estáveis e casuais. Realizamos um estudo transversal usando dados basais do estudo de coorte PrEP1519. Usamos o escore médio de práticas de saúde sexual como desfecho e o escore cumulativo de discriminação (familiar, comunitária, educacional, religiosa, online e em espaços públicos) e violência (parceiro físico, sexual e íntimo) como variável de exposição. Realizamos análises de regressão linear para estimar a associação entre exposição e desfecho. No todo, 90% dos AHSH e 95% dos mulheres transgênero e travestis sofreram pelo menos uma forma de violência nos três meses anterior à pesquisa e cerca de 45% dos mulheres transgênero e travestis sofreram violência sexual no mesmo período. Vivenciar discriminação dentro de ambientes de cuidados de saúde (instituições ou provedores) foi negativamente associado às práticas de saúde sexual. A discriminação e a violência afetam negativamente práticas de saúde sexual. A prevenção contra o HIV e o cuidado a AHSH e mulheres transgênero e travestis devem escutar suas experiências e enfrentar a discriminação e da violência nessa população.
La epidemia del VIH afecta desproporcionadamente a los hombres adolescentes que tienen sexo con hombres (AHSH) y las mujeres transgénero y travestis. En los últimos 10 años, la prevalencia del VIH aumento. La violencia afecta la vida de estas poblaciones adolescentes, comprometiendo su capacidad de autocuidado y haciéndolas más vulnerables a la infección por VIH. Este estudio buscó examinar la asociación entre los diferentes tipos de victimización por violencia y discriminación y las prácticas de salud sexual entre estas poblaciones adolescentes en relaciones estables y casuales. Realizamos un estudio transversal utilizando datos basales del estudio de cohorte PrEP1519. Utilizamos el puntaje promedio de las prácticas de salud sexual como resultado y el puntaje acumulativo de discriminación (familiar, comunitario, educativo, religioso, en línea y en espacios públicos) y la violencia (pareja física, sexual e íntima) como variable de exposición. Realizamos análisis de regresión lineal para estimar la asociación entre la exposición y el resultado. En total, el 90 % de los AHSH y el 95 % de los mujeres transgénero y travestis experimentaron al menos una forma de violencia en los tres meses anteriores a la encuesta, y alrededor del 45 % de los mujeres transgénero y travestis experimentaron violencia sexual en el mismo período. Experimentar discriminación dentro de los ambientes de atención médica (instituciones o proveedores) se asoció negativamente con las prácticas de salud sexual. La discriminación y la violencia afectan negativamente las prácticas de salud sexual. La prevención contra el VIH y el cuidado a AHSH y mujeres transgénero y travestis deben escuchar sus experiencias y hacer frente a la discriminación y la violencia en esa población.
RESUMEN
Studies indicate gaps in knowledge about the barriers to access and adhere to HIV pre-exposure prophylaxis (PrEP) in adolescents. In this article, we explore the perceptions and experiences of young gay, bisexual, and other men who have sex with men (YGBMSM) of the search, use and adherence to PrEP, considering their positions according to social markers of difference such as race/skin color, gender, sexuality, and social status. Intersectionality provides theoretical and methodological tools to interpret how the interlinking of these social markers of difference constitutes barriers and facilitators in the PrEP care continuum. The analyzed material is part of the PrEP1519 study and is comprised of 35 semi-structured interviews with YGBMSM from two Brazilian capitals (Salvador and São Paulo). The analyses suggest connections between social markers of difference, sexual cultures, and the social meanings of PrEP. Subjective, relational and symbolic aspects permeate the awareness of PrEP in the range of prevention tools. Willingness to use and adhere to PrEP is part of a learning process, production of meaning, and negotiation in the face of getting HIV and other sexually transmittable infections and the possibilities of pleasure. Thus, accessing and using PrEP makes several adolescents more informed about their vulnerabilities, leading to more informed decision-making. Interlinking the PrEP continuum of care among YGBMSM with the intersections of the social markers of difference may provide a conceptual framework to problematize the conditions and effects of implementing this prevention strategy, which could bring advantages to HIV prevention programs.
Os estudos revelam lacunas no conhecimento sobre as barreiras ao acesso e à adesão à profilaxia pré-exposição do HIV (PrEP) em adolescentes. O artigo explora as percepções e experiências de jovens gays e bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (JGBHSH) na busca, uso e adesão à PrEP, considerando suas posições de acordo com marcadores sociais de diferença como raça/cor da pele, gênero, sexualidade e nível social. A interseccionalidade fornece suporte teórico e metodológico para interpretar de que maneira a interconexão desses marcadores sociais de diferença constitui barreiras e facilitadores no continuum de cuidados. O material empírico faz parte do estudo PrEP1519 e consiste em 35 entrevistas semiestruturadas com JGBHSH de duas capitais brasileiras (Salvador e São Paulo). As análises identificam conexões entre marcadores sociais de diferença, culturas sexuais e os sentidos sociais da PrEP. Aspectos estruturais subjetivos, relacionais e simbólicos permeiam o conhecimento da PrEP dentro do leque de possibilidades de prevenção. A disposição de usar e aderir à PrEP faz parte de um processo de aprendizagem, produção de sentido e negociação frente ao risco de HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis e as possibilidades para obter prazer. O conhecimento, acesso e uso da PrEP fazem com que muitos adolescentes estejam mais informados sobre suas vulnerabilidades, resultando em decisões com mais informação. A interconexão do continuum de cuidados em PrEP entre JGBHSH com as intersecções dos marcadores sociais de diferença pode fornecer um arcabouço conceitual para problematizar as condições e os efeitos da implementação dessa estratégia preventiva, com o potencial de trazer vantagens para os programas de prevenção do HIV.
Los estudios muestran que existen lagunas en el conocimiento sobre las barreras para acceder y adherirse a la profilaxis preexposición contra el VIH (PrEP) en el segmento adolescente. En este artículo, exploramos las percepciones y experiencias de jóvenes gays, bisexuales, y otros hombres que mantienen sexo con hombres (JGBHSH) sobre la búsqueda, uso y adherencia a la PrEP, considerando sus posiciones respecto a los marcadores sociales de las diferencias tales como: raza/color, género, sexualidad y estatus social. La interseccionalidad aporta apoyo teórico y metodológico para interpretar cómo la interrelación de estos marcadores sociales de la diferencia constituye barreras y facilitadores en el continuum del cuidado por PrEP. El material empírico analizado es parte del estudio PrEP1519 y comprende 35 entrevistas semiestructuradas con JGBHSH, procedentes de dos capitales de estados brasileños (Salvador y São Paulo). Los análisis apuntan conexiones entre marcadores sociales de la diferencia, culturas sexuales, y los significados sociales de la PrEP. Aspectos estructurales subjetivos, de relaciones y simbólicos permean la concientización de la PrEP en el rango de las posibilidades de prevención. La voluntad de utilizar y adherirse a la PrEP es parte de un proceso de aprendizaje, producción de significado, y negociación frente al riesgo de VIH y otras enfermedades de trasmisión sexual, así como la posibilidad de obtener placer. Tener conocimiento sobre el acceso y uso de la PrEP consigue que muchos adolescentes estén más informados sobre sus vulnerabilidades, logrando una toma de decisiones más informadas. Interrelacionar el continuum de la atención PrEP entre JGBHSH con las intersecciones de los marcadores sociales de diferencia tal vez pueda proveer un marco conceptual para problematizar las condiciones y efectos de implementar esta estrategia de prevención, lo que podría traer ventajas para los programas de prevención del VIH.
RESUMEN
Studies indicate gaps in knowledge about the barriers to access and adhere to HIV pre-exposure prophylaxis (PrEP) in adolescents. In this article, we explore the perceptions and experiences of young gay, bisexual, and other men who have sex with men (YGBMSM) of the search, use and adherence to PrEP, considering their positions according to social markers of difference such as race/skin color, gender, sexuality, and social status. Intersectionality provides theoretical and methodological tools to interpret how the interlinking of these social markers of difference constitutes barriers and facilitators in the PrEP care continuum. The analyzed material is part of the PrEP1519 study and is comprised of 35 semi-structured interviews with YGBMSM from two Brazilian capitals (Salvador and São Paulo). The analyses suggest connections between social markers of difference, sexual cultures, and the social meanings of PrEP. Subjective, relational and symbolic aspects permeate the awareness of PrEP in the range of prevention tools. Willingness to use and adhere to PrEP is part of a learning process, production of meaning, and negotiation in the face of getting HIV and other sexually transmittable infections and the possibilities of pleasure. Thus, accessing and using PrEP makes several adolescents more informed about their vulnerabilities, leading to more informed decision-making. Interlinking the PrEP continuum of care among YGBMSM with the intersections of the social markers of difference may provide a conceptual framework to problematize the conditions and effects of implementing this prevention strategy, which could bring advantages to HIV prevention programs.
Os estudos revelam lacunas no conhecimento sobre as barreiras ao acesso e à adesão à profilaxia pré-exposição do HIV (PrEP) em adolescentes. O artigo explora as percepções e experiências de jovens gays e bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (JGBHSH) na busca, uso e adesão à PrEP, considerando suas posições de acordo com marcadores sociais de diferença como raça/cor da pele, gênero, sexualidade e nível social. A interseccionalidade fornece suporte teórico e metodológico para interpretar de que maneira a interconexão desses marcadores sociais de diferença constitui barreiras e facilitadores no continuum de cuidados. O material empírico faz parte do estudo PrEP1519 e consiste em 35 entrevistas semiestruturadas com JGBHSH de duas capitais brasileiras (Salvador e São Paulo). As análises identificam conexões entre marcadores sociais de diferença, culturas sexuais e os sentidos sociais da PrEP. Aspectos estruturais subjetivos, relacionais e simbólicos permeiam o conhecimento da PrEP dentro do leque de possibilidades de prevenção. A disposição de usar e aderir à PrEP faz parte de um processo de aprendizagem, produção de sentido e negociação frente ao risco de HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis e as possibilidades para obter prazer. O conhecimento, acesso e uso da PrEP fazem com que muitos adolescentes estejam mais informados sobre suas vulnerabilidades, resultando em decisões com mais informação. A interconexão do continuum de cuidados em PrEP entre JGBHSH com as intersecções dos marcadores sociais de diferença pode fornecer um arcabouço conceitual para problematizar as condições e os efeitos da implementação dessa estratégia preventiva, com o potencial de trazer vantagens para os programas de prevenção do HIV.
Los estudios muestran que existen lagunas en el conocimiento sobre las barreras para acceder y adherirse a la profilaxis preexposición contra el VIH (PrEP) en el segmento adolescente. En este artículo, exploramos las percepciones y experiencias de jóvenes gays, bisexuales, y otros hombres que mantienen sexo con hombres (JGBHSH) sobre la búsqueda, uso y adherencia a la PrEP, considerando sus posiciones respecto a los marcadores sociales de las diferencias tales como: raza/color, género, sexualidad y estatus social. La interseccionalidad aporta apoyo teórico y metodológico para interpretar cómo la interrelación de estos marcadores sociales de la diferencia constituye barreras y facilitadores en el continuum del cuidado por PrEP. El material empírico analizado es parte del estudio PrEP1519 y comprende 35 entrevistas semiestructuradas con JGBHSH, procedentes de dos capitales de estados brasileños (Salvador y São Paulo). Los análisis apuntan conexiones entre marcadores sociales de la diferencia, culturas sexuales, y los significados sociales de la PrEP. Aspectos estructurales subjetivos, de relaciones y simbólicos permean la concientización de la PrEP en el rango de las posibilidades de prevención. La voluntad de utilizar y adherirse a la PrEP es parte de un proceso de aprendizaje, producción de significado, y negociación frente al riesgo de VIH y otras enfermedades de trasmisión sexual, así como la posibilidad de obtener placer. Tener conocimiento sobre el acceso y uso de la PrEP consigue que muchos adolescentes estén más informados sobre sus vulnerabilidades, logrando una toma de decisiones más informadas. Interrelacionar el continuum de la atención PrEP entre JGBHSH con las intersecciones de los marcadores sociales de diferencia tal vez pueda proveer un marco conceptual para problematizar las condiciones y efectos de implementar esta estrategia de prevención, lo que podría traer ventajas para los programas de prevención del VIH.
RESUMEN
Resumo A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) tem renovado o otimismo no controle da epidemia de HIV, não obstante seu contínuo crescimento entre os homens que fazem sexo com homens (HSH). A popularidade dos aplicativos de encontro afetivo-sexual e plataformas de mídias digitais na troca de informações e experiências sobre PrEP nas redes sociais de pares é reconhecida, embora sejam escassos estudos sobre contextos, motivações e alcance em termos da prevenção ao HIV. O artigo objetiva compreender a dinâmica das redes de pares virtuais e presenciais entre HSH para a decisão de usar PrEP, sua revelação e publicização. Estudo qualitativo com uso de entrevistas semiestruturadas com 48 usuários de PrEP de cinco cidades brasileiras. A maioria dos entrevistados compartilha informações e experiências sobre PrEP nas redes sociais de pares, contudo sua publicização revela tensões decorrentes da permanência de estigmas associados à homossexualidade e ao HIV. O protagonismo na revelação do uso da PrEP expressa engajamento em conquistar novos usuários. A relevância das redes sociais de pares no compartilhamento de experiências e informações sobre a PrEP tem potencial para a diversificação do público-alvo, ampliação e democratização da cobertura de PrEP no país.
Abstract HIV Pre-Exposure Prophylaxis (PrEP) has renewed optimism in controlling the HIV epidemic, despite its continued growth among men who have sex with men (MSM). The popularity of dating-sexual dating apps and digital media platforms in exchanging information and experiences about PrEP on peer social networks is recognized. However, studies on contexts, motivations, and scope in HIV prevention are scarce. The article aims to understand the dynamics of virtual and face-to-face peer networks among MSM for the decision to use PrEP, its disclosure, and publicity. Qualitative study using semi-structured interviews with 48 PrEP users from five Brazilian cities. Most interviewees share information and experiences about PrEP in peer social networks. However, its publication reveals tensions arising from the permanence of stigmas associated with homosexuality and HIV. The protagonism in exposing the use of PrEP expresses commitment to attracting new users. The relevance of peer social networks in sharing experiences and information about PrEP has the potential to diversify the target audience and expand and democratize PrEP coverage in the country.
RESUMEN
ABSTRACT Objectives: to discuss the influence of urban poverty on the context of violence among adolescents from an intersectional perspective. Methods: the original research, of the action research type, analyzed data from 13 workshops. The participants were adolescents from both sexes, from 15 to 17 years old, from a public school in a peripheral neighborhood of São Paulo, SP. The methodological proposition of intersectional analysis guided the interpretation of the empirical material. Results: the intersection of class and gender may increase the (re)production of violence in some men. The intersection of race/color, social class, and territory contributes to the construction of narratives that naturalize inequality and, thus, justify discrimination. Final Considerations: there is necessity of new public policies that consider the social contexts and experiences of the subjects that stem from the articulation of social markers.
RESUMEN Objetivos: discutir la influencia de la pobreza urbana en el contexto de la violencia entre adolescentes bajo la perspectiva de la interseccionalidad. Métodos: la investigación original, de tipo investigación-acción, se analizó en 13 talleres. Participaron adolescentes de ambos los sexos, entre 15 y 17 años, de una escuela pública de un barrio de la periferia de São Paulo, SP. La propuesta metodológica de análisis interseccional dirigió la interpretación del material empírico. Resultados: la intersección de clase con género puede potencializar en algunos hombres la (re)producción de las violencias. La intersección de raza/color, clase social, género y territorio contribuye en la construcción de narrativas que naturalizan las desigualdades y, así, justifican las discriminaciones. Consideraciones Finales: son necesarias y oportunas políticas públicas que consideren los contextos sociales y experiencias de los sujetos resultantes de las articulaciones de los marcadores sociales.
RESUMO Objetivos: discutir a influência da pobreza urbana no contexto da violência entre adolescentes sob a perspectiva da interseccionalidade. Métodos: a pesquisa original, de tipo pesquisa-ação, analisou dados produzidos em 13 oficinas. Participaram adolescentes de ambos os sexos, entre 15 e 17 anos, de uma escola pública de um bairro de periferia de São Paulo, SP. A proposta metodológica de análise interseccional orientou a interpretação do material empírico. Resultados: a intersecção de classe com gênero pode potencializar em alguns homens a (re)produção das violências. A intersecção de raça/cor, classe social, gênero e território contribui na construção de narrativas que naturalizam as desigualdades e, assim, justificam as discriminações. Considerações Finais: são necessárias e oportunas políticas públicas que considerem os contextos sociais e experiências dos sujeitos resultantes das articulações dos marcadores sociais.
RESUMEN
Resumo No atual contexto da epidemia de HIV múltiplas estratégias de prevenção vêm se apresentando como alternativas para populações mais suscetíveis, incluindo as biomédicas. Este trabalho buscou compreender as percepções de risco ao HIV de homossexuais e bissexuais e a experiência de uso da Profilaxia Pós-Exposição sexual ao HIV (PEP Sexual). Trata-se de estudo de abordagem qualitativa com uso de entrevistas semiestruturadas com 25 participantes em cinco cidades brasileiras. Os resultados apontam que dada a proeminência do preservativo como estratégia de prevenção ao HIV/Aids, a falha do método, o uso não consistente e o não uso intencional constituem as referências centrais da percepção de risco e a consequente tomada de decisão de busca por PEP. Quanto às percepções e os significados do uso da PEP, estes são modulados pelo conhecimento prévio sobre o método. O trabalho amplia o debate sobre aspectos subjetivos envolvendo a prevenção do HIV entre HSH, especialmente no que concerne a percepção de risco e tomada de decisão para o uso da PEP no atual cenário da epidemia e no contexto da prevenção combinada.
Abstract In the current context of the HIV epidemic, multiple prevention strategies including biomedical interventions have been presented as alternatives for vulnerable groups. This study investigated homosexuals' and bisexuals' perceptions of the risk of HIV infection and their experiences of using HIV post-exposure prophylaxis (PEP). We conducted a qualitative study with 25 men who have sex with men (MSM) in five Brazilian cities using semi-structured interviews. The results showed that the use of condoms was the main HIV prevention strategy employed by the respondents. In addition, condom failure, inconsistent condom use and intentional non-use are the main prompters of risk perception and the consequent decision to seek PEP. The respondent's perceptions and meanings of the use of PEP were mediated by prior knowledge of PEP. This work broadens the debate on the more subjective aspects of HIV prevention among MSM, especially those related to risk perception and the decision to use PEP in the context of combined prevention.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Infecciones por VIH/prevención & control , Minorías Sexuales y de Género , Ciudades , Condones , Homosexualidad Masculina , Profilaxis PosexposiciónRESUMEN
Resumen El estudio discute la relación entre territorialidades/espacialidades periféricas y las configuraciones de las expresiones de géneros y sexualidades de jóvenes LGBTQIA+ en el área suburbana de la ciudad de São Paulo, Brasil. El método etnográfico contempló varias estrategias de producción de datos en tres etapas entre 2019 e 2020. Los procesos de apropiación territorial/espacial a partir de agregados LGBTQIA+ son distribuidos en archipiélagos espacio-territoriales propicios (y aparentemente seguros) para sociabilizar y re-reproducir pertenencias. El diálogo entre espacio y territorio mediado por las sexualidades y los géneros a partir de sus expresiones identitarias mostró ser un camino fecundo para articular posibilidades de implementar políticas públicas en vista de intentar mitigar las lagunas que existen con relación a la prevención del VIH entre jóvenes LGBTQIA+ en un espacio/territorio específico.
Resumo O estudo discute a relação entre as territorialidades/espacialidades periféricas e as configurações das expressões de gêneros e sexualidades de jovens LGBTQIA+ em áreas da periferia da cidade de São Paulo, Brasil. O método etnográfico contemplou várias estratégias de produção de dados em três etapas, entre 2019 e 2020. Os processos de apropriação territorial/ espacial a partir de grupos LGBTQIA+ distribuem-se em arquipélagos espaciais/territoriais que são propícios (e aparentemente seguros) para sociabilizar e re-reproduzir pertencimentos. O diálogo entre espaço e território mediado pelas sexualidades e os gêneros partindo de suas expressões de identidade mostrou ser um caminho fecundo para articular possibilidades de implementação de políticas públicas com o propósito de mitigar as lacunas que existem com relação à prevenção ao HIV entre jovens LGBTQIA+ em um espaço/território específico.
Abstract The study discusses the relationship between peripheral territorialities/spatialities and the configurations of LGBTQIA+ gender and sexuality expressions in a suburban area of São Paulo, Brazil. The ethnographic method included several data production strategies in three stages, between 2019 and 2020. The processes of territorial/spatial appropriation from LGBTQIA+ groups are distributed in spatial/territorial archipelagos that are conducive (and apparently safe) to socialize and re-reproduce belongings. The dialogue between space and territory mediated by sexualities and genders based on their expressions of identity proved to be a fruitful way to articulate possibilities for the implementation of public policies with the purpose of mitigating the gaps that exist in relation to HIV prevention among LGBTQIA+ young people in a specific space/territory.
Asunto(s)
Humanos , Adolescente , Áreas de Pobreza , Sexualidad , Minorías Sexuales y de Género , Performatividad de Género , Identidad de Género , Política Pública , Brasil , Infecciones por VIH/prevención & controlRESUMEN
A profilaxia pós-exposição sexual (PEPSexual), estratégia biomédica de prevenção ao HIV/Aids, foi implantada no Brasil em 2010. Considerando que os homens jovens constituem uma população com importante vulnerabilidade ao HIV, o estudo aborda as percepções de profissionais de saúde sobre comportamento sexual e a gestão de risco neste segmento, no contexto da busca e do uso da PEPSexual. A pesquisa foi realizada com abordagem qualitativa e segundo os referenciais conceituais de cuidado em saúde, masculinidades e juventudes. Participaram 19 profissionais de saúde, de cinco serviços especializados de cinco cidades brasileiras (São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba, Porto Alegre e Fortaleza). Observa-se a centralidade de julgamentos e tentativas de controle da sexualidade dos jovens, baseadas no estereótipo da noção de desvio, o que gera impacto negativo na relação profissional-usuário e, consequentemente, apresenta-se como importante barreira tecnológica para o cuidado em saúde. (AU)
Sexual Post-exposure prophylaxis (SexualPEP); a medical treatment to prevent HIV/Aids, began to be used in Brazil in 2010. Considering that young men are particularly vulnerable to HIV, this study explores health professionals' perceptions of sexual behavior and risk management in this group in the context of seeking and using SexualPEP. We conducted a qualitative study using a conceptual framework based on health care, masculinities and youthfulness. Nineteen health professionals from five specialist services in five different cities (São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba, Porto Alegre and Fortaleza) participated in the study. The findings reveal the centrality of judgments and attempts to control the sexuality of young people based on the stereotypical notion of deviation, negatively affecting professional-patient relations and consequently constituting a significant technological barrier to health care. (AU)
La profilaxis post-exposición sexual al VIH (PEPSexual), estrategia biomédica de prevención del VIH/Sida, se implantó en Brasil en 2010. Considerando que los hombres jóvenes constituyen una población con importante vulnerabilidad al VIH, el estudio aborda las percepciones de profesionales de salud sobre el comportamiento sexual y la gestión de riesgo en este segmento, en el contexto de la búsqueda y uso de la PEPSexual. La investigación se realizó con abordaje cualitativo y según los referenciales conceptuales de cuidado de salud, masculinidades y juventudes. Participaron 19 profesionales de salud, de cinco servicios especializados de cinco ciudades brasileñas (São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba, Porto Alegre y Fortaleza). Se observa la centralidad de juicios y tentativas de control de la sexualidad de los jóvenes, con base en el estereotipo de la noción de desviación, lo que genera impacto negativo en la relación profesional-usuario y, consecuentemente, se presenta como importante barrera tecnológica para el cuidado de la salud. (AU)
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Adulto , Persona de Mediana Edad , VIH , Personal de Salud , Profilaxis Posexposición/métodos , Hombres , Entrevistas como Asunto/métodos , Adolescente , Salud del HombreRESUMEN
Resumo: Introdução: A medicina como área de conhecimento e prática tem invisibilizado a importância de gênero como categoria teórica na formação médica, bem como os impactos das diferenças e desigualdades de gênero expressas no contexto da prática clínica. Gênero é reconhecido como um aspecto crucial na educação médica, principalmente no sentido de promover a qualidade da assistência à saúde, considerando as diferenças de gênero nos sintomas, os fatores de risco da doença e o plano de assistência estabelecido no contexto da relação terapêutica. Objetivo: Com base nesse pressuposto, foi realizada pesquisa sobre a percepção da formação recebida sobre gênero no contexto da graduação e especialização médica de residentes em ginecologia e obstetrícia e medicina de família e comunidade de duas escolas públicas do município de São Paulo. Método: A pesquisa de abordagem qualitativa utilizou a técnica de entrevista em profundidade. Em 2016, 13 residentes de ambas as especialidades participaram da pesquisa, sendo sete de ginecologia e obstetrícia e seis de medicina de família e comunidade. O critério de inclusão era ser médico ou médica das residências em medicina de família e comunidade ou ginecologia e obstetrícia nas duas universidades públicas participantes do estudo. A fim de obter uma amostra não probabilística, utilizou-se a técnica de recrutamento em cadeia ou "bola de neve", na qual os(as) participantes do estudo indicam outros(as) participantes até que se atinja o ponto de saturação. Resultados: Apesar de diferenças identificadas entre os(as) participantes, segundo os programas de residência, em relação à abordagem de gênero na formação médica e às suas repercussões na prática clínica, com maior apropriação pelos residentes de medicina de família e comunidade, sobressaem lacunas importantes na formação e no âmbito da graduação e especialização. Conclusão: O conhecimento e o desenvolvimento de habilidades e técnicas baseadas em abordagem de gênero na formação médica são fundamentais para o exercício do cuidado integral que considera as conformações socioculturais dos(as) pacientes e suas implicações para o processo saúde-doença.
Abstract: Introduction: Medicine as an area of knowledge and practice has rendered invisible the importance of gender as an analytical category in medical education, as well as the impacts of gender differences and inequalities expressed in the context of clinical practice. Gender is recognized as a crucial aspect in medical education, mainly in the sense of promoting the quality of health care, considering gender differences in symptoms, risk factors for the disease and the care plan established in the context of the therapeutic relationship. Objective: Based on this assumption, qualitative design research was conducted on the perception of training received on gender in the context of undergraduate and medical specialization of residents in Gynecology and Obstetrics and Family and Community Medicine at two public schools in the city of São Paulo. Method: The research used the in-depth interview technique. In 2016, 13 residents of both specialities participated in the survey: seven from Gynecology and Obstetrics and six from Family and Community Medicine. The inclusion criterion was to be a doctor in a medical residency in Family and Community Medicine and Gynecology and Obstetrics at the two public universities participating in the study. The participants were accessed by the snowball recruitment technique, seeking a non-probabilistic sample, in which the study participants indicated other participants to the point of saturation. Results: Despite the differences identified among the participants, according to the residency programs, concerning the gender approach in medical training and its repercussions in clinical practice, with higher appropriation by residents of Family and Community Medicine, essential gaps in training stand out, within the scope of undergraduate training and specialization. Conclusion: Knowledge and the development of skills and techniques based on a gender approach in medical education are fundamental for the exercise of comprehensive care that considers the sociocultural conformations of patients and their implications for the health of the disease process.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Facultades de Medicina , Curriculum , Medicina Familiar y Comunitaria/educación , Estudios de Género , Ginecología/educación , Internado y Residencia , Encuestas y Cuestionarios , Investigación CualitativaRESUMEN
Resumo Desde março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde declarou que o mundo vivia uma pandemia de covid-19, acompanhamos um quadro sanitário sem precedentes nos últimos 100 anos. As medidas atuais contra a doença têm como objetivo o controle da transmissão e envolvem ações individuais e coletivas de higiene e distanciamento físico, enquanto a busca por uma vacina se apresenta como a esperança para vencer a pandemia. Considerando o contexto social de clamor por uma nova vacina, este ensaio crítico discute o paradoxo e as contradições da relação indivíduo-sociedade no contexto da covid-19 à luz da hesitação vacinal como fenômeno histórico e socialmente situado. Este ensaio aponta que as tomadas de decisão sobre (não) vacinar ou sobre (não) seguir as medidas preventivas e de controle da propagação da covid-19 são conformadas por pertencimentos sociais e atravessadas por desigualdades que tendem a se exacerbar. A infodemia que cerca a covid-19 e a hesitação vacinal refletem a tensão entre o risco cientificamente validado e o risco percebido subjetivamente, também influenciada pela crise de confiança na ciência. Percepções de risco e adesão a medidas de saúde extrapolam aspectos subjetivos e racionais e espelham valores e crenças conformados pelas dimensões política, econômica e sociocultural.
Abstract Since March 2020, when the World Health Organization (WHO) declared that COVID-19 was a pandemic at global level, we are facing an unprecedented health crisis over the past 100 years. While the search for a vaccine represents the hope to overcome the pandemic, measures were established to control the disease transmission through individual and collective actions of hygiene and physical distancing. Based on the popular clamor for new vaccines, this critical essay discusses the paradox and contradictions of the individual-society relationship in the context of COVID-19 considering vaccine hesitancy as a historical and social phenomenon. We also argue that decisions on (not) vaccinating or (not) following COVID-19 control and preventive measures are influenced by social belonging and traversed by inequalities that tend to exacerbate. COVID-19 surrounding infodemic and vaccine hesitancy reflect the tension between scientifically-validated and self-perceived risk, besides being impacted by the crisis of confidence in science. Perceiving risk and adhering to precautionary measures extrapolate subjectivity and rationality, and mirror values and creed shaped by the political, economic, and sociocultural dimensions.