RESUMEN
O artigo apresenta e discute o estudo de observação realizado em um hospital público municipal, com o objetivo de caracterizar como os trabalhadores, no seu cotidiano e com suas práticas concretas, se apropriam de uma determinada política institucional estabelecida pela direção, em particular a implementação de novas formas de se fazer a gestão e as diretrizes para a reorganização do processo de trabalho. O estudo permitiu mostrar que, na micropolítica do hospital, as diretrizes da direção sofrem uma espécie de distorção ao atravessarem o denso campo de forças resultante do protagonismo dos trabalhadores e de suas incontáveis estratégias visando a defesa dos seus espaços de autogoverno. Tais diretrizes são reinterpretadas, ressignificadas e traduzidas em práticas que mais parecem manter certos instituídos em particular a ainda expressiva autonomia da prática médica e das relações de dominação dos médicos em relação às outras corporações do que reinventar, efetivamente, as relações existentes na vida hospitalar.