RÉSUMÉ
Objetivou-se descrever a origem e arquitetura do plexo lombossacral, bem como a composição de seus nervos na espécie M. tridactyla. Para tanto, foram analisados 12 plexos de seis cadáveres adultos e de ambos os sexos, fornecidos pelo IBAMA-GO (licença 99/2011). Os ramos ventrais dos nervos espinhais, suas comunicações e os nervos derivados do plexo foram evidenciados após dissecação da face ventral das regiões torácica caudal, lombar e sacral. Às radiografias verificaram-se 15 ou 16 vértebras torácicas, duas ou três lombares e quatro ou cinco sacrais. O plexo lombossacral constituiu-se por: T16, L1, L2, S1-S5, Cc1 (33,3%), T15, L1-L3, S1-S5 (16,6%), T15, L1, L2, S1-S5, Cc1 (16,6%), L1-L3, S1-S5 (16,6%), T15, L1-L3, S1-S4, Cc1 (8,3%) e L1-L3, S1-S4 (8,3%). Os nervos derivados do plexo com suas formações mais freqüentes foram: genitofemoral (T15, L1, L2 e T16, L1), cutâneo femoral lateral (T15, L1, L2 e T16, L1), femoral (T16, L1, L2), obturador (L1-L3), isquiático (L3, S1-S3), glúteo cranial (L2, S1), glúteo caudal (L2, S1- S3 e L3, S1, S2), pudendo (S4-S5) e retal caudal (S5 e S4, S5, Cc1). O nervo cutâneo femoral caudal originou-se do nervo isquiático. O plexo lombossacral do M. tridactyla assemelha-se em geral ao dos demais mamíferos, porém apresenta como particularidade o envolvimento de ramos torácicos e coccígeos na composição de seus nervos e uma maior variação anatômica em sua formação, que pode ser atribuída principalmente à variação numérica de vértebras torácicas, lombares e sacrais nesta espécie.
This study aimed to describe the origin and architecture of the lumbosacral plexus, as well as the composition of their nerves in the species M. tridactyla. For this purpose, 12 plexuses from six adult animals of both sexes, provided by IBAMA-GO (License 99/2011, CEUA-UFG Protocol 015/11) were analyzed. The ventral rami of the spinal nerves, their communications and the nerves arising from the plexus were detected after the dissection of the ventral face of the thoracic caudal, lumbar and sacral regions. The radiographs showed 15 or 16 thoracic, two or three lumbar and four or five sacral vertebrae. The lumbosacral plexus of M. tridactyla consisted of: T16, L1, L2, S1-S5, Cc1 (33.3%); T15, L1- L3, S1-S5 (16.6%); T15, L1, L2, S1-S5, Cc1 (16.6%); L1-L3, S1-S5 (16.6%); T15, L1-L3, S1-S4, Cc1 (8.3%); and L1-L3, S1-S4 (8.3%). The nerves that derived from the plexus with their most common arrangement were: genitofemoral (T15, L1, L2; and T16, L1); lateral femoral cutaneous nerve (T15, L1, L2; and T16, L1); femoral (T16, L1, L2); obturator (L1- L3); sciatic (L3, S1-S3); cranial gluteal (L2, S1, S2); caudal gluteal (L2, S1-S3; and L3, S1, S2); pudendal (S4, S5); and rectal caudal (S5 and S4, S5, Cc1). The caudal femoral cutaneous nerve originated from the sciatic nerve. In general, the lumbosacral plexus of M. tridactyla resembles that of other mammals; however, it shows some peculiarities, such as the involvement of thoracic and coccygeal rami in its nerve composition and a greater anatomical variation in its formation, which can be mainly related to the numerical variation of thoracic, lumbar and sacral vertebrae in this species.
Sujet(s)
Xenarthra/anatomie et histologie , Plexus lombosacral , Système nerveuxRÉSUMÉ
A carência de conhecimento básico acerca das espécies selvagens, em especial de anatomia topográfica, tem constituído um obstáculo à prática de procedimentos clínico e cirúrgico em animais selvagens. Portanto, objetivou-se descrever os nervos da coxa do Myrmecophaga tridactyla, abordando sua topografia, ramificação e território de inervação. Para tanto, foram utilizados seis cadáveres adultos, fornecidos pelo IBAMA-GO (licença 99/2011, CEUAUFG protocolo nº 015/11), fixados e conservados em solução aquosa de formaldeído a 10%. Os nervos responsáveis pela inervação da coxa do M. tridactyla foram o genitofemoral, o cutâneo femoral lateral, o femoral e seu principal ramo, o nervo safeno, o obturador, o glúteo cranial, o isquiático e o cutâneo femoral caudal. O ramo femoral do nervo genitofemoral inervou a região cutânea medial da coxa e o linfonodo inguinal superficial. O nervo cutâneo femoral lateral distribuiu na região cutânea craniomedial e craniolateral da coxa. O nervo femoral enviou ramos aos músculos ilíaco, psoas maior e menor, iliopsoas, pectíneo, sartório e quadríceps femoral. O nervo femoral continuou como o nervo safeno e ambos inervaram a região cutânea medial da coxa e o segundo a região cutânea medial do joelho. O nervo obturador inervou os músculos obturador externo, inclusive sua parte intrapélvica, adutores magno, longo e curto, e grácil. O nervo glúteo cranial distribuiu no músculo tensor da fáscia lata. O nervo isquiático enviou ramos aos músculos gêmeos, quadrado femoral, semimembranoso, semitendinoso, bíceps femoral, longo e curto, e a região cutânea lateral da coxa e joelho. O nervo cutâneo femoral caudal forneceu ramos ao músculo semitendinoso, na região da tuberosidade isquiática e face caudolateral da coxa. Há consideráveis diferenças entre o território de inervação dos nervos da coxa do M. tridactyla em relação ao dos animais domésticos, o que na prática inviabiliza a extrapolação de técnicas de procedimentos clínicocirúrgicos e protocolos anestésicos adotados em animais domésticos para a espécie em questão.
The lack of basic data about wild species, especially concerning the topographic anatomy has been a barrier to the practice of clinical and surgical procedures in wild animals. Therefore, the aim of this study was to describe the nerves of the thigh of Myrmecophaga tridactyla, approaching its topography, ramification and territory of innervation. For this purpose, six adult cadavers provided by IBAMA-GO (license 99/2011, UFG-CEUA Protocol 015/11), fixed and preserved in 10% aqueous solution of formaldehyde were used. The nerves responsible for the innervation the thigh of the M. tridactyla were the genitofemoral, lateral cutaneous femoral, the femoral and its main branch, the saphenous nerve, the obturator, the cranial gluteal, the sciatic and caudal cutaneous femoral nerves. The femoral branch of the genitofemoral nerve supplied the medial cutaneous region of the thigh and superficial inguinal lymph nodes. The lateral cutaneous femoral nerve branched on the craniomedial and craniolateral cutaneous region of the thigh. The femoral nerve sent branches to iliacus, psoas major and minor, iliopsoas, pectineus, sartorius and quadriceps muscles and the skin of the medial surface of the thigh. The femoral nerve continued as saphenous nerve and both innervated the medial aspect of the thigh and the latter supplied the medial surface of the stifle joint. The obturator nerve innervated the external obturator muscle, including its intrapelvic portion, gracilis and adductor magnus, long and short muscles. The cranial gluteal nerve branched in the the tensor fascia lata muscle. The sciatic nerve sent branches to gemelli, quadratus femoris, semimembranosus, semitendinosus, long and short biceps femoris muscles and the skin of the lateral surface of the thigh and stifle joint. The caudal cutaneous femoral nerve gave branches to semitendinosus muscle, the region of the ischial tuberosity and caudolateral surface and the thigh. There are considerable differences between the territory of innervation of the nerves of the thigh of the M. tridactyla compared to domestic animals, which in turn makes unfeasible the extrapolation of clinical-surgical procedures and anesthetic protocols used in domestic animals to the giant anteater.
Sujet(s)
Système nerveux périphérique , Xenarthra , Hanche , AnesthésieRÉSUMÉ
A importância da hemoglobina S como causa de úlcera duodenal é assunto ainda controvertido na literatura internacional e que nunca foi investigado no Brasil. Neste trabalho, a presença das síndromes falcêmicas foi investigada em amostra de 100 pacientes com diagnóstico clínico e endoscópico de úlcera duodenal atendidos no Hospital das Clínicas da Unicamp. Näo foi diagnosticado nenhum caso de anemia falciforme, hemoglobinopatia SC ou de S/betatalassemia e a proporçäo de portadores de traço falciforme na subamostra negróide (2/36 ou 5,5 por cento) nao diferiu significativamente da esperada ao acaso na populaçäo negróide de Campinas (6 por cento). Concluíram os autores que a hemoglobina S deve ter pequena importância relativa como causa de úlcera duodenal em nosso meio, o que näo exclui a possibilidade da investigaçäo dessa hemoglobina anômala ser de grande valia nos casos específicos de úlcera duodenal desacompanhada do aumento da secreçäo ácida do estômago.