Transtornos de ansiedade e exercício físico / Anxiety disorders and physical exercise

OBJETIVO: A maioria dos estudos sobre os efeitos ansiolíticos do exercício físico, até meados da década de 90, foram realizados avaliando-se estados de ansiedade, com indivíduos jovens, universitários ou atletas, que podem ser considerados pré-condicionados, limitando a validade das conclusões para populações com ansiedade patológica. Na atualidade, o número de estudos envolvendo pacientes com transtorno de ansiedade aumentou. O presente estudo tem por objetivo a revisão de artigos que discutem a influência do exercício físico nos transtornos de ansiedade. MÉTODO: Foi realizada uma pesquisa no Medline, no período de 1966-1995 e 1996-2006, utilizando-se os descritores: anxiety, panic, phobic disorders, exercise, physical fitness, além de referências cruzadas dos artigos selecionados e análise adicional de referências na literatura específica do tema. RESULTADOS: Os achados demonstraram desenhos heterogêneos assim como limitações metodológicas. As publicações mais recentes são promissoras e acenam para a utilização de exercícios físicos aeróbios como auxiliares das terapêuticas tradicionais no tratamento dos transtornos de ansiedade. CONCLUSÃO: Verificou-se que os exercícios aeróbios cuja intensidade não ultrapasse o limiar de lactato podem ser os mais apropriados, mas ainda não esclarecem as implicações dos exercícios anaeróbios, sugerindo cautela na prescrição de exercícios para indivíduos com ansiedade patológica, principalmente em relação aos exercícios anaeróbios.

OBJECTIVE: Until the mid 90's, most of the studies on the anxiolytic effects of exercise were carried out through the evaluation of the anxiety state of young individuals. They were college students or athletes who might be considered pre-fit, thus limiting the validity of the conclusions as regards populations with pathological anxiety. The number of studies involving patients with anxiety disorder is increasing nowadays. Therefore, the objective of the study is to review the articles that discuss the influence of physical exercise on anxiety disorders. METHOD: We ran a MEDLINE search between 1966-1995 and 1996-2006 using the keywords anxiety, panic, phobic disorders, exercise, and physical fitness, in addition to the cross-reference of the articles selected and further analyses of bibliographical references on the topic. RESULTS: Our findings showed heterogeneous designs and methodological limitations. The latest publications are promising and point to the use of physical exercise as an aid to traditional therapies in the treatment of anxiety disorders. CONCLUSION: We observed that aerobic exercises below the lactate threshold might be the most adequate. However, they do not clarify the implications of anaerobic exercise, which suggests caution in the prescription of exercise, mainly the anaerobic kind, to individuals with pathologic anxiety.

Efeitos psicofisiológicos de um programa de treinamento físico aeróbio na aptidão física e nos sintomas de indivíduos com transtorno do pânico / Psychophysiological effects of an aerobic training program in the physical fitness and syntoms of patients with panic disorder

O propósito do estudo foi avaliar os efeitos de um programa de treinamento físico aeróbio no comportamento fisiológico de variáveis associadas ao risco de doenças hipocinéticas: níveis de hemoglobina, colesterol total, lipoproteínas LDL e HDL, o consumo máximo de oxigênio e a composição corporal. A ansiedade traço-estado e a percepção subjetiva de medo, além de mudanças ocorridas nos sintomas observados no quadro clínico de indivíduos com transtorno do pânico, também foram avaliados. Métodos: vinte e sete indivíduos (idade entre 30 e 50 anos) com transtorno do pânico com ou sem agorafobia (DSM-IV) participaram do estudo, sendo distribuídos aleatoriamente em um grupo experimental (n=15) e um grupo controle (n=12). O grupo experimental foi submetido a um protocolo de 36 sessões de treinamento físico (12 sessões de adaptação e 24 sessões de exercício aeróbio: caminhar/correr). O grupo controle manteve sua rotina de vida normal. Estes indivíduos foram selecionados por médico psiquiatra da UNIFESP, de acordo com os critérios diagnósticos do DSM-IV. Foram realizados exames hematológicos, teste ergoespirométrico (V02máx., V02 lav. e FCmáx.) medidas antropométricas (massa corporal e estatura total, porcentagem de gordura corporal e porcentagem de massa magra - pletismografia).Também foram aplicados o Inventário de Auto-avaliação de Ansiedade Traço-Estado e o Inventário de Medo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da UNIFESP (CEP 992/00). Resultados: O grupo experimental ao final do período de treinamento físico apresentou valores de hemoglobina, V02 máx. e V021av. mais elevados e colesterol total, lipoproteína LDL e massa corporal mais reduzidos que o grupo controle. Não se observaram diferenças na lipoproteína HDL, triglicérides, porcentagem de gordura, porcentagem de massa magra e FCmáx. O grupo controle apresentou aumento na massa corporal, na porcentagem de gordura e redução na porcentagem de massa magra. Em relação as variáveis psicológicas observou-se redução nos valores de ansiedade estado para o grupo experimental de treinamento. Os dados qualitativos registrados pelos indivíduos no diário de registro e nas observações do pesquisador indicaram melhora nos sintomas do pânico para os indivíduos do grupo experimental de treinamento. Os indivíduos do GC mantiveram os níveis de aptidão física e saúde. Conclusões: Os resultados sugerem que o programa de treinamento físico pode ser auxiliar no tratamento do transtorno do pânico e são promissores em termos de saúde pública.