RESUMO
ABSTRACT The prevalence of obesity-related metabolic syndrome has rapidly increased in Brazil, resulting in a high frequency of nonalcoholic fatty liver disease, that didn't receive much attention in the past. However, it has received increased attention since this disease was identified to progress to end-stage liver diseases, such as cirrhosis and hepatocellular carcinoma. Clinical practice guidelines for the diagnosis and treatment of nonalcoholic fatty liver disease have not been established in Brazil. The Brazilian Society of Hepatology held an event with specialists' members from all over Brazil with the purpose of producing guideline for Nonalcoholic Fatty Liver Disease based on a systematic approach that reflects evidence-based medicine and expert opinions. The guideline discussed the following subjects: 1-Concepts and recommendations; 2-Diagnosis; 3-Non-medical treatment; 4-Medical treatment; 5-Pediatrics - Diagnosis; 6-Pediatrics - Non-medical treatment; 7-Pediatrics - Medical treatment; 8-Surgical treatment.
RESUMO A prevalência de obesidade relacionada à síndrome metabólica tem crescido no Brasil, que implicou em uma maior frequência de doença hepática gordurosa não alcoólica, não havia recebido muita atenção no passado. Contudo, essa atenção tem merecido interesse cada vez maior desde que se observou o elevado potencial de progressão para formas mais graves dessa doença como cirrose e carcinoma hepatocelular. No Brasil ainda não havia sido proposta nenhuma diretriz para orientar o diagnóstico e tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica. A Sociedade Brasileira de Hepatologia realizou então um evento que reuniu especialistas de todo o Brasil com o objetivo de propor uma diretriz para a doença hepática gordurosa não alcoólica baseada em evidências científicas e opiniões de especialistas nesse tema. A diretriz final é composta dos seguintes temas: 1-Conceitos e recomendações; 2-Diagnóstico; 3-Tratamento não medicamentoso; 4-Tratamento medicamentoso; 5-Diagnóstico em Pediatria; 6-Tratamento não medicamentoso em Pediatria; 7-Tratamento medicamentoso em Pediatria; 8-Tratamento cirúrgico.
Assuntos
Humanos , Hepatopatia Gordurosa não Alcoólica/diagnóstico , Hepatopatia Gordurosa não Alcoólica/terapia , Sociedades Médicas , Brasil , Medicina Baseada em Evidências , ConsensoRESUMO
OBJECTIVE: The majority of cases of hepatocellular carcinoma have been reported in individuals with cirrhosis due to chronic viral hepatitis and alcoholism, but recently, the prevalence has become increasingly related to nonalcoholic steatohepatitis around the world. The study aimed to evaluate the clinical and histophatological characteristics of hepatocellular carcinoma in Brazilians' patients with nonalcoholic steatohepatitis at the present time. METHODS: Members of the Brazilian Society of Hepatology were invited to complete a survey regarding patients with hepatocellular carcinoma related to nonalcoholic steatohepatitis. Patients with a history of alcohol intake (>20 g/day) and other liver diseases were excluded. Hepatocellular carcinoma diagnosis was performed by liver biopsy or imaging methods according to the American Association for the Study of Liver Diseases’ 2011 guidelines. RESULTS: The survey included 110 patients with a diagnosis of hepatocellular carcinoma and nonalcoholic fatty liver disease from nine hepatology units in six Brazilian states (Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná and Rio Grande do Sul). The mean age was 67±11 years old, and 65.5% were male. Obesity was observed in 52.7% of the cases; diabetes, in 73.6%; dyslipidemia, in 41.0%; arterial hypertension, in 60%; and metabolic syndrome, in 57.2%. Steatohepatitis without fibrosis was observed in 3.8% of cases; steatohepatitis with fibrosis (grades 1-3), in 27%; and cirrhosis, in 61.5%. Histological diagnosis of hepatocellular carcinoma was performed in 47.2% of the patients, with hepatocellular carcinoma without cirrhosis accounting for 7.7%. In total, 58 patients with cirrhosis had their diagnosis by ultrasound confirmed by computed tomography or magnetic resonance imaging. Of these, 55% had 1 nodule; 17%, 2 nodules; and 28%, ≥3 nodules. CONCLUSIONS: Nonalcoholic steatohepatitis is a relevant risk factor associated with hepatocellular carcinoma in patients with and without cirrhosis in Brazil. In this survey, hepatocellular carcinoma was observed in elevated numbers of patients with steatohepatitis without cirrhosis.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Carcinoma Hepatocelular/epidemiologia , Neoplasias Hepáticas/epidemiologia , Hepatopatia Gordurosa não Alcoólica/epidemiologia , Brasil/epidemiologia , Carcinoma Hepatocelular/complicações , Complicações do Diabetes/epidemiologia , Inquéritos Epidemiológicos , Hipertensão/complicações , Cirrose Hepática/complicações , Neoplasias Hepáticas/complicações , Hepatopatia Gordurosa não Alcoólica/complicações , Fatores de RiscoRESUMO
No dia 05 de agosto de 2010, no Hotel Blue Tree, no bairro do Morumbi em São Paulo, a Sociedade Brasileira de Hepatologia realizou uma reunião de expertos para discutir alguns assuntos importantes referentes à toxicidade hepática. Esta reunião foi de responsabilidade exclusiva da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), sem interferência de agências ou da indústria farmacêutica. Dentre os assuntos discutidos, três deles mereceram destaque pelo volume de solicitações de esclarecimentos encaminhadas diretamente à Sociedade Brasileira de Hepatologia. O site da SBH recebe com frequência tais solicitações de outras sociedades ou diretamente de colegas, assim como do público não-médico, por questões pertinentes a estes assuntos: 1. papel do acetaminofen/paracetamol nas alterações hepáticas da dengue; 2. eficácia e segurança da medicina alternativa (homeopatia, medicina natural, fitoterápicos); 3. alterações hepáticas induzidas por analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios não-esteroides com foco no seu uso na dengue.Dentro deste contexto, a Sociedade Brasileira de Hepatologia organizou uma sessão durante todo o dia 05 de agosto para discutir unicamente estes temas.
Assuntos
Hepatopatias/tratamento farmacológico , Intoxicação , Ácido Ursodesoxicólico , Anti-Inflamatórios não Esteroides , Epidemiologia , Medicamento Fitoterápico , Medicamentos Hepatoprotetores , Homeopatia , Hepatopatias , Acetaminofen/toxicidadeRESUMO
A hepatite B crônica constitui-se em importante problemas de saúde pública no Brasil, estimando-se que cerca de 2 milhões de pessoas estejam infectadas pelo HBV, com pelo menos 700 mil evoluindo para cirrose e/ou carcinoma hepatocelular. Seu diagnóstico e tratamento envolvem aspectos complexos e ainda polêmicos, especialmente com o advento dos sensiveis mas dispendiosos testes de detecção do HBV-DNA e de modernos medicamentos como os interferons peguilados e os analogos nuleosídeos/nucleotídeos. As definições sobre "quem tratar", "quando tratar" e "como tratar" tem variado a luz de tais aquisições, sendo importante a adoção de critérios racionais para o uso diagnóstico da biologia molecular e o manuseio de medicamentos como os interferons, a lamivudina, o adefovir, o entecavir e outros agentes prestes a se tornar disponíveis. O principal objetivo da terapeutica é certamente a supressão duradoura e o mais eficaz possível do HBV-DNA serico. O controle da resistencia viral aos antivirais orais é hoje um grande desafio. A carga viral limitrofe para instituição do tratamento é atualmente a partir de 20 000 UI/mL de HBV-DNA para pacientes HBeAg positivos, 2000 UI/mL para os HBeAg negativos com mutação pre-core ou core promoter e 200 UI/mL para cirróticos descompensados, dos renais crônicos em hemodialise e dos submetidos a transplante hepatico merecem abordagens especificas.
Assuntos
Humanos , DNA , Fibrose , Hepatite B Crônica , Interferons , NucleotídeosRESUMO
Este estudo retrospectivo investigou os aspectos clínicos de 295 pacientes com hepatite C crônica. A idade variou entre 13 e 81 anos (mediana=49 anos) sendo 55% entre 40 a 60 anos. O fator de risco principal foi hemotransfusão, seguido pelo uso de drogas injetáveis. A maioria dos casos era assintomática. Cinqüenta por cento dos pacientes apresentavam complicações da cirrose hepática ao diagnóstico. Não houve associação entre o genótipo e a gravidade da fibrose hepática. Os fenômenos auto-imunes foram diagnosticados em 10% dos pacientes. A ALT estava aumentada em 69% dos casos. Trinta e dois por cento tinham ALT normal e 8% destes eram cirróticos. Somente 26% dos pacientes tratados com interferon mais ribavirina por 48 semanas apresentaram resposta virológica sustentada. Os resultados deste estudo alertam para a alta morbidade da hepatite C no nosso meio.
Clinical aspects of chronic hepatitis C in a retrospective study including 295 patients were studied. The age ranged from 13 to 81 years (mean = 49 years); 55% were 40 to 60 years old. The mainly risk factor to infection was blood transfusion, followed by drug injection. Most patients were asymptomatic but 50% had cirrhosis by the time of diagnosis. Genotype was not related to worse status of fibrosis. Auto-immune events appeared in 10% of patients. High and normal levels of alanine-aminotransferase (ALT) were found in 69% and 32% of the patients, respectively. Eight per cent of the patients with normal levels of ALT were cirrhotic. Only 26% of treated patients had sustained response to virus after treatment with interferon and ribavirin for 48 weeks. The results show a high morbidity.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adolescente , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Idoso de 80 Anos ou mais , Fatores de Risco , Hepatite C Crônica/epidemiologia , Técnicas de Laboratório Clínico , Estudos Retrospectivos , Hepatite C Crônica/diagnósticoRESUMO
Duzentos e cinquenta e dois candidatos a doadores de sangue HBsAg positivos (media de idade= 32,6 anos, 97,7masculino) foram investigados num estudo transversal para determinar suas caracteristicas clinicas, laboratoriais e histologicas. Foi tambem comparada a positividade e a negatividade dos marcadores sorologicos HBeAg, anti-HBe e IgM anti-HBc com os valores das aminotransferases sericas...
Assuntos
Humanos , Masculino , Adolescente , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Doadores de Sangue , Hepatite B/sangue , Testes Sorológicos/métodos , Anticorpos Anti-Hepatite B/imunologia , Hepatite B/imunologia , Hepatite B/parasitologia , Biomarcadores , Demografia , Fatores de Risco , Transaminases/análise , Transaminases/imunologiaRESUMO
No Brasil, com populaçao jovem e regioes onde a esquistossomose mansoni é endêmica, a doença de Wilson pode nao ser diagnosticada em pacientes erroneamente rotulados como portadores de esquistossomose hepatoesplênica ou hepatointestinal. Vinte e cinco portadores de doenças de Wilson com hepatopatia (14 homens e 11 mulheres) foram investigados em Belo Horizonte; a média de idade foi 13,7 anos (3 a 22). Dezenove tinham hepatomegalia (76 por cento) e nove esplenomegalia (36 por cento). Vinte e dois (88 por cento) tinham cirrose. O anel de Kaiser-Fleisher foi detectado em 15 (60 por cento). Quatro (16 por cento) tinham evidentes distúrbios neurológicos. Onze (44 por cento) tinham ascite e igual número, icterícia variável. Noventa e um vírgula três por cento e 92 por cento tinham níveis séricos de ceruloplasmina e cobre, respectivamente, diminuídos. Oitenta e quatro vírgula dois por cento tinham excreçao urinária de cobre em 24 horas aumentada; nos sete em quem foi dosado o cobre hepático, os valores estavam elevados. Seis de nove tinham excreçao de cobre urinário após 24 horas de uso de penicilina ("teste da penicilamina") aumentada em pelo menos 10 vezes. Três dentre 19 pacientes (15,8 por cento) tinham ovos de Schistosoma mansoni nas fezes, prevalência comum na populaçao. Suas biopsias mostravam cirrose inativa, sem alteraçoes de esquistossomose mansoni. Quatorze dos pacientes (56 por cento) poderiam ser erroneamente diagnosticados como portadores de esquistossomose hepatointestinal ou hepatoesplênica, tendo, na verdade, doença de Wilson associada ou nao a esquistossomose intestinal assintomática e, portanto, perdendo a chance de um tratamento precoce. O acompanhamento de 22 pacientes foi de 52 meses (1 a 96). Oito (36,3 por cento) faleceram, quatro por hemorragia digestiva alta, três por insuficiência hepática terminal e um com insuficiência hepática fulminante. A maioria, incluindo os falecidos, abandonou o uso da penicilamina ou a usava de modo irregular, sobretudo pelo custo elevado. Um paciente de 17 anos foi submetido com sucesso a transplante de fígado em 1989.