RESUMO
Do ponto de vista psicodinâmico, o narcisismo expressa uma inflação egoica situação que impede a consciência de reconhecer a alteridade. Algumas relações e situações sociais espelham essa condição, constituindo-se de projeções mútuas em que a preservação da imagem(persona) exige a exclusão de aspectos incompatíveis, depositando-os no Outro. Esta dinâmica impede a aproximação de Eros, pois não há o reconhecimento do Outro, a não ser como espelho. Não há quem discorde que nossa época apresenta alterações profundas no modo de se vivenciar as experiências humanas fundamentais. Valores, costumes, relacionamentos, tudo que vivemos parece irreconhecível para alguém do começo do século XX. Neste trabalho, pretendemos apontar a função da dinâmica narcísica como etapa necessária ao processo de individuação, pois tem por finalidade permitir o reconhecimento e posterior integração de aspectos negligenciados pela persona. Utilizando o mito de Narciso, a partir da amplificação simbólica, refletimos a respeito das possibilidades criativas trazidas pelo sacrifício/transformação/morte de Narciso: o abandono do contato superficial com a imagem refletida conduz à vivência da identidade profunda representada pelo enraizamento no Self (a transformação em flor), abrindo espaço para a aproximação de Eros. Buscamos traçar paralelos desse caminho transformador/criativo com a condição contemporânea, arriscando vislumbrar saídas para o indivíduo e para o coletivo.
From the psychodynamic perspective, narcissism expresses an egoic inflation a situation that prevents conscience to recognize the otherness. Some relationships and social situations reflect this condition, consisting of mutual projections where the preservation of the image (persona) requires the exclusion of incompatible features, depositing them in the Other. This dynamics prevents the approach of Eros, because there is no recognition of the Other, unless as a mirror. Theres no one who disagrees that our time has shown profound changes in the way of living the fundamental human experiences. Values, ways of doing, relationships, everything that we live now is hard to be recognized by anyone from the early twentieth century. In this work, we intend to show the role of narcissistic dynamics as a necessary step in the individuation process, as it is intended to enable the recognition and further integration of neglected aspects by ones persona. Using the myth of Narcissus, from a symbolic amplification, we reflected on the creative possibilities brought by the sacrifice/transformation/death of Narcissus: the abandonment of superficial contact with the mirror image leads to the experience of profound identity represented by the deepening of roots in the Self (the transformation into a flower), making room for Eros approach. We seek to draw parallels between this transformer/creative process with the contemporary condition, trying to find a scape way for the individual and for the collective.
Assuntos
Amor , Individuação , Narcisismo , PsicologiaRESUMO
A cultura patriarcal favorece a violência contra os valores femininos e contra sua portadora privilegiada: a mulher. Há vários níveis de violência: agressão física, abusos, violência sexual, violência psicológica. O agente dessas agressões é o homem, com mais freqüência, e outras pessoas do ambiente, no caso da violência psicológica; em todos os casos, a agressão vem de fora e a mulher é a vítima. Este é um trabalho que trata de uma forma sutil de violência, escorregadia, difícil de ser captura, mas que corrói a mulher de dentro para fora, como um inimigo invisível e infiltrado no mais profundo território feminino. Sem consciência dessa força devastadora, as mulheres perpetuam-na e agem destrutivamente em relação a si mesmas e a outras mulheres, movidas por esse impulso nocivo. O trabalho aborda a violência que a própria mulher se faz sob a forma de ataques ferozes a seu corpo e sua alma em nome de submeter-se voluntariamente a exigências de desempenho e aparência que desvirtuam seus ciclos naturais e seu intrínseco de identidade.
The patriarchal culture encourages violence against feminine values and against their privileged carrier: the woman. There are several levels of violence: physical assault, abuse, sexual violence, psychological violence; the agent if such attacks is often the man, but in the case of psychological violence, the agent can also be other people in the environment. In all cases, the aggression comes from outside and the woman is the victim. This study deals with a subtle form of violence, which is slippery, hard to capture, but destroys the woman from inside out, like an invisible enemy that infiltrates the deepest female territory. Without awareness of that devastating force, women perpetuate it and act in a destructive way in relation to themselves and other women, moved by that harmful impulse. The study addresses the violence that the women inflicts on herself in the form of fierce attacks on her body and soul in behalf of voluntarily submitting herself to demands of performance and appearance that alter her natural cycles and her intrinsic sense of identity.