RESUMO
Nos últimos anos do século XVI, a Europa foi assolada por uma grave epidemia de sífilis, doença até então desconhecida, que em pouco tempo se espalhou por todo o continente. A princípio, a doença recebeu várias denominações, como Mal de Nápoles, Mal Francês e outras, cada povo culpando os inimigos. O termo sífilis foi introduzido por Girolamo Fracastoro em 1530, mas seu uso tornou-se corrente apenas no século XVIII. Nos primeiros anos da epidemia, o quadro clínico era muito grave, surpreendendo a população e os médicos que não sabiam como enfrentá-la. Logo foi constatado seu modo de transmissão venéreo, passando a ser considerada como castigo divino. Várias teorias foram apresentadas para explicar sua origem. A população reagia com medo e segregação. Como era de se esperar, proliferaram os charlatães, que foram na verdade os introdutores do mercúrio na terapêutica. Incorporado pelos médicos, o mercúrio foi o primeiro medicamento específico contra a sífilis e foi utilizado por cerca de 450 anos, até meados do século XX.
In the last years of the 16th century, Europe was struck by a serious epidemics of syphilis, till then anunknown disease, which quickly spread all over the continent. At first, the disease was named differently, asNaples Disease, French Disease among others, each people blaming their own enemies. The word syphilis was introduced by Girolamo Fracastoro in 1530, but it became common only in the eighteenth century. In the first years of the epidemic, its clinical picture was serious, surprising the population and the physicians, who did not know how to cope with it. Soon it was understood that its contagion was venereal, considered as God punishment. Many theories were introduced to explain its origins. Population reacted with fear and segregation. As expected, charlatans, the right introducers of Mercury in Therapeutics, have proliferated. Incorporated by physicians, Mercury was the first specific syphilis treatment and it was used for almost 450 years, until the early twentieth century.