RESUMO
FUNDAMENTO: O átrio esquerdo gigante (AEG) é uma condição definida por um diâmetro do átrio esquerdo (AE) superior a 65 mm. O AEG é comumente associado à regurgitação da válvula mitral devido ao excesso de pressão intracavitária, resultando em distensão e dilatação da câmara atrial esquerda. Por outro lado, o AEG pode ser uma causa de regurgitação mitral devido à dilatação do anel (insuficiência mitral atrial). RELATO DE CASO: Homem de 67 anos, foi avaliado ambulatoerialmente por insuficiência cardíaca avançada (refratária apesar de terapia otimizada). Sua história patológica pregressa era positiva para doença reumática e doença de Chagas. Sua radiografia de tórax demonstrava aumento do índice cardiotorácico (cardiomegalia), alargamento da carina e elevação do brônquio fonte esquerdo. O eletrocardiograma evidenciou fibrilação atrial (FA) e seu ecocardiograma transtorácico revelou dilatação importante do átrio esquerdo (120mm ou 970ml/m2) e átrio direito (49ml/m2). O diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo (DDVE) foi de 81 mm, a fração de ejeção ventricular esquerda foi de 62%. Havia dilatação importante do anel mitral e do anel tricúspide, causando falha de coaptação das cúspides, com regurgitação mitral e tricúspide grave. A pressão sistólica da artéria pulmonar foi estimada em 49mmHg. A ressonância magnética nuclear (RMN) cardíaca confirmou átrio direito de 180ml/m2 e átrio esquerdo gigante (1,06 L/m2), ocupando mais de dois terços da cavidade torácica e resultando em compressão extrínseca das estruturas vizinhas (Figura 1). Diante do quadro desafiador, o paciente foi encaminhado para reunião de decisão clínico-cirúrgica, para entendimento de procedimento cirúrgico valvar, avaliação de transplante cardíaco ou deteriminação de tratamento clínico sob cuidados paliativos. DISCUSSÃO: Embora o mecanismo preciso da dilatação importante do átrio esquerdo e direito não seja bem conhecido, o AEG está fortemente associado à cardiopatia reumática e à fibrilação atrial permanente. Nesse caso, o paciente apresentava história médica pregressa de febre reumática, FA permanente e doença de Chagas. No entanto, não há correlação descrita entre doença de Chagas e AE gigante, portanto não pode ser descartada como uma possível causa. A correção cirúrgica da regurgitação atrial mitral e tricúspide é controversa, devendo em casos de maior complexidade, ser discutida através de reunião formal com equipe clínica e cirúrgica nas especialidades orrelatas.
Assuntos
Humanos , Masculino , Idoso , Insuficiência da Valva Tricúspide , Insuficiência da Valva Mitral , Átrios do Coração , Insuficiência CardíacaRESUMO
A insuficiência cardíaca (IC) é um importante problema de saúde pública, com crescente prevalência em todo o mundo. Está associada à alta mortalidade e à baixa qualidade de vida devido a internações recorrentes e dispendiosas. O termo "insuficiência cardíaca aguda" (ICA) é reservado para alterações rápidas ou graduais de sinais e sintomas que resultam em necessidade de terapia urgente. Diagnóstico precoce, descongestão como foco inicial, assim como das comorbidades e tratamento intensivo, são a base dos cui-dados na ICA. As principais recomendações são as seguintes: (1) à internação, avaliação abrangente, considerando o tratamento padrão e as comorbidades do paciente, uma vez que determinam o prognóstico da doença, (2) durante as primeiras horas de aten-dimento hospitalar, o tratamento descongestivo é uma prioridade e recomenda-se uma abordagem terapêutica diurética estagiada, com base na resposta do paciente, (3) para o tratamento dos pacientes na fase estável, considere iniciar e/ou ajustar o tratamento medicamentoso baseado em evidências (por exemplo, sacubitril/valsartana ou inibidores da enzima conversora da angiotensina/bloqueadores dos receptores da angiotensina II, beta-bloqueadores e antagonistas da aldosterona) e (4) na alta hospitalar, use uma lista de verificação para otimizar o atendimento do paciente e identificar as opções mais eficientes para manter a continuidade dos cuidados após a alta.
Assuntos
Insuficiência CardíacaRESUMO
Left ventricular noncompaction is a rare congenital anomaly characterized by excessive left ventricular trabeculation, deep intertrabecular recesses and a thin compacted layer due to the arrest of compaction of myocardial fibers during embryonic development. We report the case of a young patient with isolated left ventricular noncompaction, leading to refractory heart failure that required extracorporeal membrane oxygenation followed by emergency heart transplantation.
Assuntos
Cardiopatias Congênitas/complicações , Insuficiência Cardíaca/etiologia , Transplante de Coração/efeitos adversos , Ventrículos do Coração , HumanosRESUMO
Left ventricular noncompaction is a rare congenital anomaly characterized by excessiveleft ventricular trabeculation, deep intertrabecular recesses and a thin compacted layerdue to the arrest of compaction of myocardial fibers during embryonic development. We reportthe case of a young patient with isolated left ventricular noncompaction, leading to refractoryheart failure that required extracorporeal membrane oxygenation followed by emergency hearttransplantation.