ABSTRACT
Objetivo: avaliar a concordância entre altura, peso e índice de massa corporal (IMC) aferidos durante o acompanhamento dos 22 anos da coorte de nascimentos de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, de 1993, e dados autorrelatados durante o acompanhamento online da coortesnaweb. Métodos: estudo transversal de validação; a concordância foi avaliada pelos coeficientes de correlação de Lin para medidas contínuas e de Kappa ponderado para o estado nutricional; utilizou-se a correlação de Spearman para estimar a correlação entre as medidas. Resultados: 783 participantes foram incluídos; observou-se alta correlação e alta concordância entre as medidas de altura (r = 0,966; ρ = 0,966), peso (r = 0,934; ρ = 0,928) e IMC (r = 0,903; ρ = 0,910) aferidas e as autorrelatadas via internet; não houve correlação entre as diferenças médias e o intervalo de tempo entre as medidas. Conclusão: utilizar a internet para coletar medidas antropométricas autorrelatadas é um método válido, comparado ao método tradicional.
Objective: to evaluate the agreement between measured height, weight, and body mass index (BMI) during the 22-year follow-up of the 1993 Pelotas Birth Cohort, state of Rio Grande do Sul, Brazil, and self-reported data during the online follow-up of the coortesnaweb. Methods: this was a cross-sectional validation study; agreement was assessed by means of Lin's concordance correlation coefficient for continuous measures and weighted Kappa for nutritional status; Spearman's rank correlation coefficient was used to estimate the correlation between measurements. Results: a total of 783 participants were included; it could be seen high correlation and high agreement between the measured height (r = 0.966; ρ = 0.966), weight (r = 0.934; ρ = 0.928), and BMI (r = 0.903; ρ = 0.910) and Web-based self-reported data; there was no correlation between mean difference and the time interval between measurements. Conclusion: using the Internet to collect self-reported anthropometric measurements is as valid as the traditional method.
Objetivo: evaluar la concordancia entre la altura, el peso y el índice de masa corporal (IMC) medidos durante el acompañamiento de 22 años de la cohorte de nacimientos de Pelotas de 1993 y autoinformado durante el seguimiento en línea de la coortesnaweb. Métodos: estudio metodológico de validación. Se utilizó el coeficiente de correlación de Lin para medidas continuas, y de Kappa ponderado para el estado nutricional y la correlación de Spearman para la correlación entre medidas. Resultados: se incluyeron 783 participantes, con alta correlación y concordancia entre las medidas de talla (r = 0,966; ρ = 0,966), peso (r = 0,934; ρ = 0,928) e IMC (r = 0,903; ρ = 0,910) medidos y autoinformados vía web. No hubo correlación entre las diferencias de medidas y el intervalo de tiempo entre las mediciones. Conclusión: el uso de internet para recopilar variables antropométricas autoinformadas es válido en comparación con el método tradicional.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Young Adult , Body Weights and Measures/statistics & numerical data , Body Mass Index , Correlation Measures , Brazil , Nutritional Status , Validation Studies as TopicABSTRACT
We aimed to assess the proportion of the population in 133 Brazilian municipalities who - from March to August 2020 - had a health problem but failed to seek care or failed to attend to a health service for routine appointment or examination. We conducted a household survey from August 24-27 in 133 Brazilian cities by asking the subjects if, since the beginning of the COVID-19 pandemic in March 2020, they had suffered from a health problem but did not seek care or failed to attend to a routine or screening examination. Poisson regression was used for the analyses. We interviewed 33,250 subjects and 11.8% (95%CI: 11.4-12.1) reported that, since March 2020, they failed to seek care despite being ill, 17.3% (95%CI: 16.9-17.7) failed to attend to a routine or screening examination and 23.9% (95%CI: 23.4-24.4) reported one or both outcomes. Health service closure and fear of the COVID-19 infection were the main reasons for not seeking care. Women and the poorest were more likely to not look for a health service, despite having a health problem or a scheduled routine appointment. On the other hand, those subjects who self-identified as white were less likely to not look for a health service. The COVID-19 pandemic is more critical for the indigenous people and the poorest, and these people are also more likely to not seek care for other health conditions during the pandemic.
O estudo teve como objetivo avaliar a proporção da população de 133 cidades brasileiras que apresentou algum problema de saúde entre março e agosto de 2020, mas que deixou de procurar atendimento, ou que deixou de buscar um serviço de saúde para consultas ou exames de rotina. Foram realizadas entrevistas domiciliares entre 24 e 27 de agosto de 2020 em 133 áreas urbanas brasileiras. Perguntava-se aos indivíduos se, desde o início da pandemia de COVID-19 em março de 2020, haviam sofrido algum problema de saúde mais não haviam procurado atendimento, ou se haviam deixado de realizar consultas ou exames de rotina. A regressão de Poisson foi utilizada para as análises. Foram entrevistados 33.250 indivíduos, entre os quais 11,8% (IC95%: 11,4-12,1) relataram que desde março de 2020 haviam deixado de procurar atendimento apesar de estarem doentes, 17,3% (IC95%: 16,9-17,7) haviam deixado de comparecer a consultas de rotina ou triagem e 23,9% (IC95%: 23,4-24,4) relataram um ou ambos os desfechos. O fechamento dos serviços de saúde e o medo da infecção pelo SARS-CoV-2 foram os principais motivos para não buscar atendimento. As mulheres e os indivíduos com menor nível socioeconômico mostraram maior probabilidade de não procurarem serviços de saúde em caso de doença, ou de faltar a consultas de rotina previamente agendadas. Por outro lado, indivíduos que se identificavam como brancos eram menos propensos a deixar de procurar os serviços de saúde. A pandemia da COVID-19 está afetando mais duramente os indígenas e as pessoas com menor nível socioeconômico, que também são mais propensos a deixar de procurar atendimento para outras condições de saúde durante a pandemia.
Se realizó un estudio con el fin de evaluar la proporción de población en 133 ciudades brasileñas que -de marzo a agosto 2020- tuvieron un problema de salud, pero no consiguieron buscar cuidados, o presentarse en un servicio de salud para consultas de rutina o exámenes. Se llevó a cabo una encuesta domiciliaria entre el 24 y 27 de agosto en 133 áreas urbanas brasileñas. A los encuestados se les preguntó si, desde el principio de la pandemia de COVID-19 en marzo de 2020, habían sufrido algún problema de salud, pero no habían buscado asistencia, o no consiguieron presentarse a exámenes de rutina o de exploración. Se utilizó una regresión de Poisson para los análisis. Se entrevistó a 33.250 individuos, y un 11,8% (IC95%: 11,4-12,1) informaron que desde marzo de 2020 no consiguieron buscar asistencia, a pesar de estar enfermos, un 17,3% (IC95%: 16,9-17,7) no consiguieron presentarse a exámenes de rutina o visitas de exploración, y un 23,9% (IC95%: 23,4-24,4) informaron de uno o ambos resultados. El cierre de los servicios de salud y el miedo a contraer COVID-19 fueron las razones principales para no buscar cuidados. Las mujeres y aquellos que tenían un estatus socioeconómico bajo eran más propensos a no buscar asistencia sanitaria, tanto si tenían un problema médico, como para un chequeo rutinario o se saltaban una cita médica programada. Por otro lado, estas personas que se autoidentificaron como blancas eran menos propensas a no buscar asistencia sanitaria. La pandemia de COVID-19 está golpeando duramente a los indígenas y a quienes tienen un estatus socioeconómico bajo, y estas personas también son más propensas a no conseguir buscar asistencia sanitaria relacionada con otros problemas de salud durante la pandemia.
Subject(s)
Humans , Female , COVID-19/epidemiology , Brazil/epidemiology , Pandemics , Ambulatory Care , SARS-CoV-2ABSTRACT
A pandemia de COVID-19 já causou mais de 399 milhões de infecções e custou a vida de mais de cinco milhões de pessoas no mundo, até 3 de março de 2022. Para reduzir a taxa de infecção, uma série de medidas de prevenção indicadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foram adotadas pelos países, entre elas, o uso de máscara. O objetivo deste estudo é descrever a utilização de máscara na população brasileira, através da análise de dados do EPICOVID19-BR, um estudo de base populacional realizado em 133 cidades do país, em quatro fases entre março e agosto de 2020. A proporção de indivíduos que preferiram usar máscara quando saíam de casa foi de 97,9% (IC95%: 97,8-98,0). O entrevistador não visualizou a máscara do entrevistado em 50% (IC95%: 49,9-51,1) dos casos no momento da entrevista, no entanto, entre a fase uma e quatro da pesquisa, observou-se uma diminuição de 4,4 pontos percentuais na proporção de entrevistados que não usaram máscara no momento da entrevista. A não visualização da máscara foi mais observada em mulheres, participantes com idade entre 10-19 e 20-29 anos, de cor de pele indígena, preta, e parda, entre as pessoas com Ensinos Fundamental e Médio e na Região Centro-oeste. O uso de máscara de tecido foi predominante 91,4% (IC95%: 91,2-91,5) com um aumento de 4,9 pontos percentuais entre as fases 1 e 4. Os resultados do estudo trazem informações importantes para reforçar as políticas de controle de COVID-19 no Brasil. O alto percentual de pessoas sem máscara na hora da entrevista sugere que ainda é importante reforçar o aspecto preventivo e de autocuidado, não fazendo do uso da máscara algo apenas ligado à obrigatoriedade.
By March 3, 2022, the COVID-19 pandemic has caused more than 399 million infections and claimed the lives of more than five million people worldwide. To reduce infection rates, a series of prevention measures indicated by the World Health Organization (WHO) were adopted by countries, including the use of masks. This study aims to describe mask use in Brazil via data analysis from the EPICOVID19-BR, a population-based study conducted in 133 cities in the country in four phases between March and August 2020. The proportion of individuals who reported wearing a mask when they left their homes was 97.9% (95%CI: 97.8-98.0). The interviewer did not see interviewees' mask in 50% (95%CI: 49.9-51.1) of the cases at the time of the interview. However, between phase one and four of the survey, we observed a 4.4% decrease in the proportion of interviewees who failed to wear masks at the time of the interview. Mask non-visualization was more prominent in women, participants aged 10-19 and 20-29 years of indigenous, black, and brown skin color, and those with elementary and high school education and in the Central-West Region. The use of cloth masks showed a 91.4% predominance (95%CI: 91.2-1.5) with a 4.9% increase between phases 1 and 4. The results of the study bring important information to reinforce COVID-19 control policies in Brazil. The high percentage of people who failed to wear masks at the time of the interview suggests that it is still important to reinforce prevention and self-care, rather than relating mask wear to a mandatory measure.
La pandemia del COVID-19 ha provocado más de 399 millones de infecciones y se ha cobrado la vida de más de cinco millones de personas en todo el mundo hasta el 3 de Marzo de 2022. Para reducir la tasa de contagios, los países adoptaron una serie de medidas de prevención indicadas por la Organización Mundial de la Salud (OMS), entre ellas el uso de mascarillas. El objetivo de este estudio es describir el uso de mascarillas en la población brasileña, utilizando el análisis de datos de EPICOVID19-BR, un estudio de base poblacional realizado en 133 ciudades del país, en cuatro fases entre marzo y agosto de 2020. La proporción de personas que informaron usar mascarillas al salir de casa fue del 97,9% (IC95%: 97,8-98,0). El entrevistador no vio la mascarilla del entrevistado en el 50% (IC95%: 49,9-51,1) de los casos al momento de la entrevista, sin embargo entre las fases uno y cuatro de la investigación se observó una disminución de 4,4 puntos porcentuales en la proporción de los encuestados que no llevaban mascarilla durante la entrevista. Se observó una mayor visualización de falta de uso de mascarillas en las mujeres, en participantes con edades entre 10-19 y 20-29 años, de color de piel indígena, negra y parda, entre personas con educación primaria y secundaria y en la Región Centro-oeste. Hubo un mayor predominio de uso de mascarillas de tela en el 91,4% (IC95%: 91,2-91,5) con un aumento de 4,9 puntos porcentuales entre las fases 1 y 4. Los resultados muestran la importancia de fortalecer las políticas de prevención del COVID-19 en Brasil. El alto porcentaje de personas sin mascarilla al momento de la entrevista sugiere que es importante reforzar la prevención y el autocuidado en general no solo relacionado a la obligatoriedad en el uso de mascarillas.
Subject(s)
Humans , Female , COVID-19/prevention & control , COVID-19/epidemiology , Brazil/epidemiology , Pandemics/prevention & control , SARS-CoV-2 , MasksABSTRACT
ABSTRACT Background: Large-scale epidemiological studies of seroprevalence of antibodies against SARS-CoV-2 often rely on point-of-care tests that provide immediate results to participants. Yet, little is known on how long rapid tests remain positive after the COVID-19 episode, or how much variability exists across different brands and even among batches of the same test. Methods: In November 2020, we assessed the sensitivity of three tests applied to 133 individuals with a previous positive PCR result between April and October. All subjects provided finger prick blood samples for two batches (A and B) of the Wondfo lateral-flow IgG/IgM test, and dried blood spot samples for the S-UFRJ ELISA test. Results: Overall sensitivity levels were 92.5% (95% CI 86.6-96.3), 63.2% (95% CI 54.4-71.4) and 33.8% (95% CI 25.9-42.5) for the S-UFRJ test, Wondfo A and Wondfo B tests, respectively. There was no evidence of a decline in the positivity of S-UFRJ with time since the diagnosis, but the two Wondfo batches showed sharp reductions to as low as 41.9% and 19.4%, respectively, for subjects with a positive PCR in June or earlier. Positive results for batch B of the rapid test were 35% to 54% lower than for batch A at any given month of diagnosis. Interpretation: Whereas the ELISA test showed high sensitivity and stability of results over the five months of the study, both batches of the rapid test showed substantial declines, with one of the batches consistently showing lower sensitivity levels than the other. ELISA tests based on dried-blood spots are an inexpensive alternative to rapid lateral-flow tests in large-scale epidemiological studies.
Subject(s)
Humans , Ill-Housed Persons , Syphilis/epidemiology , HIV Infections/epidemiology , HIV-1 , Hepatitis C/epidemiology , Treponema pallidum , Brazil/epidemiology , HIV Antibodies , Seroepidemiologic Studies , HepacivirusABSTRACT
ABSTRACT OBJECTIVE To describe the evolution of seropositivity in the State of Rio Grande do Sul, Brazil, through 10 consecutive surveys conducted between April 2020 and April 2021. METHODS Nine cities covering all regions of the State were studied, 500 households in each city. One resident in each household was randomly selected for testing. In survey rounds 1-8 we used the rapid WONDFO SARS-CoV-2 Antibody Test (Wondfo Biotech Co., Guangzhou, China). In rounds 9-10, we used a direct ELISA test that identifies IgG to the viral S protein (S-UFRJ). In terms of social distancing, individuals were asked three questions, from which we generated an exposure score using principal components analysis. RESULTS Antibody prevalence in early April 2020 was 0.07%, increasing to 10.0% in February 2021, and to 18.2% in April 2021. In round 10, self-reported whites showed the lowest seroprevalence (17.3%), while indigenous individuals presented the highest (44.4%). Seropositivity increased by 40% when comparing the most with the least exposed. CONCLUSIONS The proportion of the population already infected by SARS-Cov-2 in the state is still far from any perspective of herd immunity and the infection affects population groups in very different levels.
Subject(s)
Humans , SARS-CoV-2 , COVID-19 , Brazil/epidemiology , Seroepidemiologic Studies , Antibodies, ViralABSTRACT
ABSTRACT OBJECTIVE To estimate the prevalence of SARS-CoV-2 antibodies and the adherence to measures of social distancing in children and adolescents studied in three national surveys conducted in Brazil between May-June 2020. METHODS Three national serological surveys were conducted in 133 sentinel cities located in all 27 Federative Units. Multistage probability sampling was used to select 250 individuals per city. The total sample size in age ranges 0-9 and 10-19 years old are of 4,263 and 8,024 individuals, respectively. Information on children or adolescents was gathered with a data collection app, and a rapid point-of-case test for SARS-CoV-2 was conducted on a finger prick blood sample. RESULTS The adjusted prevalence of antibodies was 2.9% (2.2-3.6) among children 0-9 years, 2.2% (1.8-2.6) among adolescents 10-19 years, and 3.0% (2.7-3.3) among adults 20+years. Prevalence of antibodies was higher among poor children and adolescents compared to those of rich families. Adherence to social distancing measures was seen in 72.4% (71.9-73.8) of families with children, 60.8% (59.6-61.9) for adolescents, and 57.4% (56.9-57.8) for adults. For not leaving the house except for essential matters the proportions were 81.7% (80.5-82.9), 70.6% (69.6-61.9), and 65.1% (64.7-65.5), respectively. Among children and adolescents, social distancing was strongly associated with socioeconomic status, being much higher in the better-off families. CONCLUSIONS The prevalence of antibodies against SARS-CoV-2 showed comparable levels among children, adolescents, and adults. Adherence to social distancing measures was more prevalent in children, followed by adolescents. There were important socioeconomic differences in the adherence to social distancing among children and adolescents.
Subject(s)
Humans , Child , Adolescent , Adult , COVID-19 , Brazil , Cities , Physical Distancing , SARS-CoV-2ABSTRACT
ABSTRACT OBJECTIVE To describe social distancing practices in nine municipalities of the state of Rio Grande do Sul, Brazil, stratified by gender, age, and educational attainment. METHODS Two sequential cross-sectional studies were conducted in the municipalities of Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, and Uruguaiana to estimate the population prevalence of COVID-19. The study was designed to be representative of the urban population of these municipalities. A questionnaire including three questions about social distancing was also administered to the participants. Here, we present descriptive analyses of social distancing practices by subgroups and use chi-square tests for comparisons. RESULTS In terms of degree of social distancing, 25.8% of the interviewees reported being essentially isolated and 41.1% reported being quite isolated. 20.1% of respondents reported staying at home all the time, while 44.5% left only for essential activities. More than half of households reported receiving no visits from non-residents. Adults aged 20 to 59 reported the least social distancing, while more than 80% of participants aged 60 years or older reported being essentially isolated or quite isolated. Women reported more stringent distancing than men. Groups with higher educational attainment reported going out for daily activities more frequently. CONCLUSIONS The extremes of age are more protected by social distancing, but some groups remain highly exposed. This can be an important limiting factor in controlling progression of the COVID-19 pandemic.
RESUMO OBJETIVO Descrever práticas de distanciamento social em nove municípios do Rio Grande do Sul por sexo, idade, escolaridade e cidade. MÉTODOS Foram realizados dois estudos transversais sequenciais representativos da população urbana nos municípios de Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana com o intuito de estimar a prevalência populacional de Covid-19. Foi aplicado questionário contendo três perguntas sobre distanciamento social, cujas práticas foram submetidas a análises descritivas por subgrupos. Os dados foram comparados por testes qui-quadrado. RESULTADOS Em termos de grau de distanciamento social, 25,8% dos entrevistados relataram estar praticamente isolados e 41,1% indicam praticar bastante distanciamento. Relataram ficar em casa o tempo todo 20,1% dos entrevistados, e 44,5% informam que saem apenas para atividades essenciais. Mais da metade dos domicílios não recebe visitas de não moradores. O grupo que relatou menos distanciamento social foi o de adultos entre 20 e 59 anos, enquanto mais de 80% dos entrevistados com 60 anos ou mais relataram estar praticamente isolados ou fazendo bastante distanciamento. As mulheres relataram fazer mais distanciamento que os homens, e os grupos de maior escolaridade foram os que relataram sair diariamente para atividades regulares com mais frequência. CONCLUSÕES Os grupos mais jovens e mais idosos estão mais protegidos pelo distanciamento social, mas há grupos bastante expostos, o que pode ser um limitador importante no controle da progressão da epidemia de Covid-19.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Adult , Young Adult , Pneumonia, Viral/prevention & control , Social Isolation , Communicable Disease Control/statistics & numerical data , Coronavirus Infections/prevention & control , Pandemics/prevention & control , Brazil , Cross-Sectional Studies , Cities , Betacoronavirus , SARS-CoV-2 , COVID-19 , Middle AgedABSTRACT
Resumo A COVID-19 é uma doença produzida pelo vírus SARS-CoV-2. Esse vírus se espalhou rapidamente pelo mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a classificar a COVID-19 como uma emergência de saúde internacional e, posteriormente, a declará-la uma pandemia. O número de casos confirmados, no dia 11 de abril de 2020, já passa de 1.700.000, porém esses dados não refletem a real prevalência de COVID-19 na população, visto que, em muitos países, os testes são quase que exclusivamente realizados em pessoas com sintomas, especialmente os mais graves. Para definir políticas de enfrentamento, é essencial dispor de dados sobre a prevalência real de infecção na população. Este estudo tem por objetivos avaliar a proporção de indivíduos já infectados pelo SARS-CoV-2 no Rio Grande do Sul, Brasil, analisar a velocidade de expansão da infecção e estimar o percentual de infectados com e sem sintomas. Serão realizados quatro inquéritos sorológicos repetidos a cada 15 dias, com amostragem probabilística de nove cidades sentinela, em todas as sub-regiões do Estado. As entrevistas e testes ocorrerão no âmbito domiciliar. Serão utilizados testes rápidos para detecção de anticorpos, validados previamente ao início da coleta de dados.
Abstract COVID-19, the disease produced by the virus SARS-CoV-2, has spread quickly throughout the world, leading the World Health Organization to first classify it as an international health emergency and, subsequently, declaring it pandemic. The number of confirmed cases, as April 11, surpassed 1,700,000, but this figure does not reflect the prevalence of COVID-19 in the population as, in many countries, tests are almost exclusively performed in people with symptoms, particularly severe cases. To properly assess the magnitude of the problem and to contribute to the design of evidence-based policies for fighting COVID-19, one must accurately estimate the population prevalence of infection. Our study is aimed at estimating the prevalence of infected individuals in the state of Rio Grande do Sul, Brazil, to document how fast the infection spreads, and to estimate the proportion of infected persons who present or presented symptoms, as well as the proportion of asymptomatic infections. Four repeated serological surveys will be conducted in probability samples of nine sentinel cities every two weeks. Tests will be performed in 4,500 participants in each survey, totaling18,000 interviews. Interviews and tests will be conducted at the participants' household. A rapid test for the detection of antibodies will be used; the test was validated prior to the beginning of the fieldwork.
Subject(s)
Humans , Pneumonia, Viral/epidemiology , Coronavirus Infections/epidemiology , Sentinel Surveillance , Clinical Laboratory Techniques/statistics & numerical data , Asymptomatic Infections/epidemiology , Pandemics , Betacoronavirus/immunology , Pneumonia, Viral/transmission , Time Factors , Brazil/epidemiology , Prevalence , Coronavirus Infections , Coronavirus Infections/diagnosis , Coronavirus Infections/transmission , Clinical Laboratory Techniques/methods , Clinical Laboratory Techniques/ethics , Betacoronavirus , Antibodies, Viral/bloodABSTRACT
Abstract: The objective of this study was to investigate the association between adverse childhood experiences (ACEs) and the use of alcohol, tobacco and illicit drugs among adolescents from a Brazilian cohort. The occurrence of five ACEs, the use of alcohol and tobacco and trying illicit drugs were investigated in the 1993 Pelotas birth cohort at the age of 15 (n = 4,230). A score was created for the ACEs and their association with the use of substances was evaluated. Around 25% of adolescents consumed alcohol, 6% smoked and 2.1% reported having used drugs at least once in their lives. The ACEs were associated with the use of alcohol, tobacco and illicit drugs. A dose-response relation between the number of ACEs and the substance use was found, particularly with regard to illicit drugs. The occurrence of ACEs was positively associated with the use of alcohol, tobacco and illicit drugs among adolescents and the risk may be different for men and women. These results point to the fact that strategies for preventing the use of substances should include interventions both among adolescents and within the family environment.
Resumo: O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre experiências adversas na infância (ACEs) e uso de álcool, fumo e drogas ilícitas em adolescentes de uma coorte brasileira. A ocorrência de cinco ACEs, o uso de álcool e fumo e a experimentação de drogas ilícitas foram investigados na Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas, aos 15 anos (n = 4.230). Um escore de ACEs foi criado e sua associação com o uso de substâncias foi avaliada. Cerca de 25% dos adolescentes consumiram álcool, 6% fumaram e 2,1% relataram ter usado drogas pelo menos uma vez na vida. Os ACEs estiveram associados com o uso de álcool, fumo e drogas ilícitas. Uma relação dose-resposta entre o número de ACEs e o consumo de substâncias foi evidenciada, especialmente para drogas ilícitas. A ocorrência de ACEs esteve positivamente associada com o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas em adolescentes, e o risco pode diferir conforme o sexo. Esses resultados salientam que as estratégias para a prevenção do uso de substâncias devem conter intervenções para adolescentes, bem como no ambiente familiar.
Resumen: El objetivo fue investigar la asociación entre experiencias adversas en la infancia (ACEs) y consumo de alcohol, tabaco y drogas ilícitas en adolescentes de una cohorte brasileña. La ocurrencia de cinco ACEs, el consumo de alcohol y tabaco y el primer consumo de drogas ilícitas se investigaron en la Cohorte de Nacimientos de 1993 de Pelotas, a los 15 años (n = 4.230). Se creó un marcador de ACEs y se evaluó su asociación con el uso de estas sustancias. Cerca de un 25% de los adolescentes consumieron alcohol, un 6% fumaron y un 2,1% informaron haber consumido drogas por lo menos una vez en la vida. Los ACEs estuvieron asociados con el consumo de alcohol, tabaco y drogas ilícitas. Se evidenció una relación dosis-respuesta entre el número de ACEs y el consumo de sustancias, especialmente, en el caso de drogas ilícitas. La ocurrencia de ACEs estuvo positivamente asociada con el uso de alcohol, tabaco y drogas ilícitas en adolescentes y el riesgo puede diferir según sexo. Esos resultados resaltan que las estrategias para la prevención del consumo de estas sustancias deben contar con intervenciones para adolescentes, así como en su ambiente familiar.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Adolescent , Alcohol Drinking/psychology , Smoking/psychology , Child Abuse/psychology , Substance-Related Disorders/psychology , Urban Population , Brazil/epidemiology , Alcohol Drinking/epidemiology , Smoking/epidemiology , Illicit Drugs , Child Abuse/statistics & numerical data , Risk Factors , Cohort Studies , Substance-Related Disorders/epidemiology , Life Change EventsABSTRACT
O objetivo do estudo foi avaliar a associação entre suporte ventilatório no período neonatal e doenças respiratórias até os seis anos de idade. Estudo de coorte de nascimentos de base populacional. A exposição principal foi o suporte ventilatório ao nascimento, definido como o uso de pressão contínua positiva nasal (CPAPn) e/ou ventilação mecânica (VM) por mais de três horas, desde o momento da hospitalização ao nascimento até os 28 dias. Os desfechos foram chiado no peito nos últimos 12 meses, diagnóstico médico de asma alguma vez na vida e episódio de pneumonia ocorrido até os seis anos de idade. Foram realizadas análises brutas e ajustadas para potenciais variáveis de confusão, usando regressão de Poisson. Foram analisadas 3.624 crianças. O uso de CPAPn e VM ou unicamente VM esteve associado com maior frequência de diagnóstico médico de asma, mesmo após ajuste para características maternas e das crianças (RP = 2,24; IC95%: 1,27-3,99). Os resultados do presente estudo alertam para as complicações respiratórias, em médio prazo, decorrentes do suporte ventilatório realizado no período neonatal.
El objetivo del estudio fue evaluar la asociación entre el soporte ventilatorio durante el período neonatal y las enfermedades respiratorias durante los seis primeros años de vida. Se trata de un estudio de cohorte de nacimiento con base poblacional. La exposición principal, soporte ventilatorio al nacimiento, fue definida como el uso de presión positiva nasal (CPAPn) y/o ventilación mecánica (VM) durante más de tres horas, desde la hospitalización al nacimiento, hasta los 28 días de vida. Los resultados analizados fueron: broncoespasmo en los últimos doce meses, diagnóstico médico de asma - realizado alguna vez en la vida- y episodio de neumonía ocurrido hasta los seis años de edad. Se realizaron análisis brutos y ajustados para potenciales variables de confusión, usando la regresión de Poisson. Fueron estudiados 3.624 niños. El uso de soporte ventilatorio estuvo asociado con una mayor frecuencia de diagnóstico médico de asma, incluso tras ajustar las características maternas y de los niños (RP = 2,24; IC95%: 1,27-3,99). Los resultados alertan sobre las complicaciones respiratorias a medio plazo tras el soporte ventilatorio realizado en el período neonatal.
The study's objective was to evaluate the association between neonatal ventilatory support and the subsequent occurrence of respiratory diseases in children up to six years of age. This was a population-based birth cohort study. The main exposure was ventilatory support at birth, defined as the use of nasal continuous positive airway pressure (NCPAP) and/or mechanical ventilation (MV) for more than three hours from the time of hospitalization at birth until the first 28 days of life. Outcomes were: chest wheezing in the twelve months prior to the follow-up interview, medical diagnosis of asthma any time in the child´s life, and occurrence of pneumonia up to six years of age. Crude and adjusted analyses for potential confounding variables were performed using Poisson regression. 3,624 children were analyzed. NCPAP plus MV or MV alone was associated with higher frequency of medical diagnosis of asthma, even after adjusting for maternal and child characteristics (PR = 2.24; 95%CI: 1.27-3.99). The results highlight medium-term respiratory complications associated with neonatal ventilatory support.
Subject(s)
Child , Child, Preschool , Female , Humans , Infant , Infant, Newborn , Male , Infant, Premature, Diseases/etiology , Interactive Ventilatory Support/adverse effects , Positive-Pressure Respiration/adverse effects , Respiration Disorders/etiology , Brazil , Cohort Studies , Gestational Age , Infant, Low Birth Weight , Infant, Premature , Intensive Care Units, Neonatal , Infant, Premature, Diseases/therapy , Respiration Disorders/classification , Respiration Disorders/therapy , Socioeconomic FactorsABSTRACT
Comparou-se a mortalidade infantil por causas evitáveis (óbitos reduzíveis por ações de imunoprevenção; por adequada atenção à mulher na gestação e parto e ao recém-nascido; por ações adequadas de diagnóstico e tratamento; e por ações adequadas de promoção à saúde vinculadas às ações adequadas de atenção à saúde) nas coortes de nascimentos de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, de 1993 e 2004. Os óbitos foram monitorizados mediante visitas aos hospitais, cartórios, cemitérios, Delegacia Regional de Saúde e rastreio à base de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Rio Grande do Sul. Na coorte de 1993, houve 5.249 nascidos vivos e 111 óbitos infantis; na de 2004, 4.231 nascidos vivos e 82 óbitos infantis. O coeficiente de mortalidade infantil evitável foi 15,2:1.000 nascidos vivos em 1993 e 15,4 em 2004. Os coeficientes de mortalidades neonatal e pós-neonatal evitáveis foram, respectivamente, 11,2 e 4,0 em 1993 e 10,9 e 4,5 em 2004. Estratégias que visem à prevenção da prematuridade poderão ajudar a reduzir a mortalidade infantil em nosso meio.
Infant mortality classified as avoidable (through immunization, adequate prenatal, childbirth, and neonatal care, adequate diagnostic and therapeutic measures, and adequate health promotion associated with appropriate health care) was compared in the 1993 and 2004 Pelotas Birth Cohorts, Rio Grande do Sul State, Brazil. Deaths were monitored by visits to hospitals, notary public offices, cemeteries, and the Regional Health Division and by a search in the Mortality Information System database. There were 5,249 live births and 111 infant deaths in the 1993 cohort and 4,231 live births and 82 infant deaths in 2004. The avoidable infant mortality rate was 15.2:1,000 live births in 1993 and 15.4 in 2004. Avoidable neonatal and post-neonatal mortality rates were 11.2 and 4.0, respectively, in 1993, and 10.9 and 4.5 in 2004. Preterm births were the main variable associated with avoidable mortality in both cohorts. Strategies to prevent preterm birth may help reduce infant mortality in this context.
La mortalidad infantil evitable (por acciones adecuadas de inmunización, cuidados maternos durante el embarazo y parto, cuidados a la salud del recién nacido, diagnóstico y tratamiento, y acciones de promoción de salud) fue comparada en las cohortes de nacimiento de Pelotas, Río Grande do Sul, Brasil, de 1993 y 2004. Las muertes fueron monitorizadas mediante visitas a hospitales, oficinas de registro de nacimientos y muertes, cementerios y Delegaciones de Salud Regionales, así como mediante una búsqueda en el banco de datos de muertes ocurridas en el país. Se registraron 5.249 nacidos vivos con 111 muertes infantiles en la cohorte de 1993 y 4.231 nacidos vivos con 82 muertes infantiles en 2004. El coeficiente de mortalidad infantil evitable fue 15,2:1.000 nacidos vivos en 1993 y 15,4 en 2004. Los coeficientes de mortalidad neonatal y post-neonatal evitable fueron, respectivamente, 11,2 y 4,0, en 1993 y 10,9 y 4,5 en 2004. El nacimiento prematuro fue la principal variable asociada con mortalidad evitable en ambas cohortes. Estrategias para prevenir el nacimiento de prematuros podrá ayudar a reducir la mortalidad infantil en la ciudad.
ABSTRACT
Objetivo. Avaliar a ocorrência de retenção escolar até os 11 anos de idade e os fatores associadosà retenção. Métodos. Estudo prospectivo, incluindo 4 452 adolescentes da coorte de nascidos emPelotas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 1993. A amostra representa 87,5% da coorte original. A retenção escolar foi definida como a repetição de pelo menos uma série escolar atéa data da entrevista. As variáveis independentes analisadas foram: sexo, cor da pele, peso ao nascer, índice de bens, idade e escolaridade materna, tipo de escola (privada, estadual oumunicipal), idade de ingresso na escola e trabalho. Resultados. A frequência de retenção escolar foi de 36,3%, sendo de 42,8% entre os meninos e 30,0% entre as meninas. Na análise ajustada, quanto menor a escolaridade da mãe,o índice de bens e o peso ao nascer, maior foi o risco de retenção escolar em ambos os sexos. Adolescentes cuja cor da pele era parda/preta, aqueles que frequentavam escolas públicas e aquelesque ingressaram na escola com 7 anos ou mais apresentaram maior risco de retenção escolar. Apenas entre os meninos, o trabalho infantil esteve associado com a ocorrência de retenção.Conclusões. O baixo nível socioeconômico e a baixa escolaridade materna foram os fatores mais fortemente associados com a retenção escolar. Estratégias para a redução desse evento devem levar em consideração características demográficas e socioeconômicas.
Objective. To evaluate the occurrence of grade retention until 11 years of age and the factors associated with retention. Methods. This prospective study included 4 452 adolescents from the 1993 city of Pelotas birth cohort (state of Rio Grande do Sul, Brazil). This sample represents 87.5% of the original cohort. Grade retention was defined as the repetition of at least oneschool grade until the date of the interview. The following independent variables were analyzed: sex, skin color, birth weight, ownership of goods, age, maternal schooling, type of school (private, state, or city), age at school entry, and employment. Results. The overall frequency of grade retention was 36.3%, vs. 42.8% for boysand 30.0% for girls. The adjusted analysis showed that the lower the level of maternal schooling, ownership of goods, and birth weight, the higher the risk of grade retention for both boys and girls. Black/brown adolescents, those studying in public schools, and those who were 7 years of age or older at school entry had a higher risk of grade retention. For boys, childhood labor was associated with grade retention.Conclusions. Low socioeconomic and low maternal schooling levels were the factors most strongly associated with grade retention. Strategies to reduce this situation must take into account demographic and socioeconomic characteristics.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Adolescent , Underachievement , Brazil , Educational Status , Prospective Studies , Socioeconomic FactorsABSTRACT
OBJETIVO: Avaliar a prevalência e os fatores associados à discriminação autorrelatada por adolescentes. MÉTODOS: Análise transversal dos adolescentes pertencentes à coorte de nascidos vivos em 1993 na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Dos 5 249 membros da coorte, foram coletadas informações em 2004 e 2005 sobre discriminação autorrelatada, variáveis sociodemográficas, atributos físicos e estado nutricional em 4 452 adolescentes. Regressão de Poisson foi utilizada nas análises bruta e ajustada para estimar as razões de prevalência (RP). RESULTADOS: A prevalência global de discriminação autorrelatada foi de 16,4 por cento. Na análise ajustada, a discriminação foi mais relatada por meninas (RP = 1,27, IC95 por cento: 1,10 a 1,48); heteroclassificados pretos (RP = 1,28, IC95 por cento: 1,04 a 1,57); pelos mais pobres (RP = 1,58, IC95 por cento: 1,23 a 2,02); os que se perceberam como muito magros ou muito gordos (RP = 1,81 e 1,54, respectivamente), com dificuldades financeiras familiares (RP = 1,76, IC95 por cento: 1,49 a 2,08); que usavam óculos (RP = 1,74, IC95 por cento: 1,45 a 2,10), com autopercepção negativa da aparência dental (RP = 1,58, IC95 por cento: 1,21 a 2,07), com reprovação escolar (RP = 1,23, IC95 por cento: 1,01 a 1,51) ou que participaram em brigas no último ano (RP = 1,62, IC95 por cento: 1,36 a 1,94). A associação entre discriminação e estado nutricional foi diferente conforme o sexo (P de interação = 0,009). Meninos magros relataram maior discriminação, enquanto aqueles com sobrepeso e obesidade apresentaram menor prevalência. Em meninas, a prevalência de discriminação foi maior entre as obesas, sendo esse efeito mais forte entre as ricas do que nas pobres. CONCLUSÕES: A discriminação autorrelatada foi prevalente e desigualmente distribuída na população. Intervenções para reduzir experiências discriminatórias devem ser implementadas em fases iniciais da vida.
OBJECTIVE: To evaluate the prevalence of and factors associated with discrimination self-reported by adolescents. METHODS: Cross-sectional analysis of adolescents belonging to a cohort of live births in 1993 in the city of Pelotas, Brazil. From the 5 249 members of the cohort, information was collected from 4 452 adolescents in 2004 and 2005 regarding self-reported discrimination, sociodemographic variables, physical attributes, and nutritional status. A Poisson regression was utilized in the raw and adjusted analyses to estimate prevalence rates (RP). RESULTS: The global prevalence of self-reported discrimination was 16.4 percent. In the adjusted analysis, discrimination was reported more by the following groups: girls (RP = 1.27, 95 percentCI: 1.10-1.48), people identified by others as black (RP = 1.28, 95 percentCI: 1.04-1.57), poorer adolescents (RP = 1.58, 95 percentCI: 1.23-2.02), those who perceived themselves to be very thin or very fat (RP = 1.81 and 1.54 respectively), those whose families had financial trouble (RP = 1.76, 95 percentCI: 1.49-2.08), those who wore glasses (RP = 1.74, 95 percentCI: 1.45-2.10), those who thought their teeth looked bad (RP = 1.58, 95 percentCI: 1.21-2.07), those who had been reprimanded in school (RP = 1.23, 95 percentCI: 1.01- 1.51), and those who had been involved in fights in the past year (RP = 1.62, 95 percentCI: 1.36-1.94). The association between discrimination and nutritional status varied by sex (interaction P = 0.009). Thin children reported greater discrimination than those who were overweight or obese. Discrimination on the basis of obesity was higher among girls, with this effect more strongly felt among rich girls than among poor ones. CONCLUSIONS: Self-reported discrimination was prevalent and unequally distributed among the population. Actions to reduce experiences of discrimination must be implemented during the initial stages of life.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Child , Adolescent , Prejudice , Social Behavior , Socioeconomic Factors , Body Weight , Brazil , Racial Groups , Cross-Sectional Studies , Poisson Distribution , Religion , Self Report , Sex FactorsABSTRACT
There are discrepancies in the literature regarding time trends in the occurrence of asthma in adults. This study compared asthma prevalence in two cross-sectional studies with a ten-year interval in Pelotas, Rio Grande do Sul State, Brazil. The first, in 2000, included 1,968 individuals, and the second, in 2010, 2,466 adults (20-69 years). Prevalence of wheezing and shortness of breath in the prior 12 months remained the same after ten years (6 percent and 6.1 percent, respectively). In both studies, asthma was more frequent among females and people with low family income. Physician-diagnosed asthma increased by 35.6 percent, and lifetime incidence of asthma, by 32.2 percent. There was no percentage change in current asthma symptoms or current asthma. Local socioeconomic improvement between the two studies was consistent with the increase in medical diagnosis, but did not reflect better management of asthma symptoms, underlining the need for investment regarding other determinants of the disease.
Há divergências na literatura quanto às tendências temporais da ocorrência de asma em adultos. Este estudo objetivou comparar a prevalência de asma em dois levantamentos realizados com um intervalo de dez anos, em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Os dois estudos foram transversais, de base populacional e com estratégias semelhantes de amostragem. O primeiro, feito em 2000, incluiu 1.968 indivíduos, e o segundo, em 2010, 2.466 adultos (20-69 anos). A prevalência de chiado e falta de ar, nos últimos 12 meses, manteve-se estável após dez anos (6 por cento e 6,1 por cento, respectivamente). Em ambos os estudos, a prevalência de asma foi maior em mulheres e pessoas com renda familiar baixa. Houve aumento de 35,6 por cento no diagnóstico médico de asma e de 32,2 por cento na prevalência de asma na vida. Não houve variação percentual para sintomas atuais de asma e asma atual. A melhora socioeconômica local, observada entre os estudos, foi coerente com o aumento do diagnóstico medico, porém não refletiu um melhor manejo dos sintomas da asma, o que reforça a necessidade de investimentos em outros determinantes da doença.
Subject(s)
Adult , Aged , Female , Humans , Male , Middle Aged , Young Adult , Asthma/epidemiology , Health Planning , Age Distribution , Asthma/diagnosis , Body Mass Index , Brazil/epidemiology , Cross-Sectional Studies , Health Systems Plans , Income , Obesity/epidemiology , Sex Distribution , Socioeconomic Factors , Smoking/epidemiology , Time FactorsABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the association between size at birth and mental health problems at 11 years of age in the 1993 Pelotas (Brazil) Birth Cohort Study. Newborns were weighed and measured, and anthropometric indices were calculated. At 11 years of age, mental health problems were assessed using the Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ). Prevalence of mental health problems was 32 percent (95 percentCI: 31-33). After adjusting for potential confounders, newborns with weight and body mass index (BMI) for age z-scores < -2 SD were at 27 percent (95 percentCI: 7-49) and 29 percent (95 percentCI: 10-51) greater risk, respectively, of developing mental health problems at age 11 years than those born with normal scores. Newborns with BMI and head circumference for age z-scores > +2 SD were at 34 percent (95 percentCI: 6-71) and 19 percent (95 percentCI: 1-40) greater risk, respectively, of developing mental health problems than those with normal scores. The results suggest that early factors that are reflected as size measurements at birth can cause mental health problems later in life.
O objetivo foi avaliar a associação entre tamanho ao nascer e problemas de saúde mental aos 11 anos na Coorte de Nascimentos de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, de 1993. Foram pesados e medidos ao nascer 4.358 recém-nascidos. Avaliou-se problemas de saúde mental com o questionário de capacidades e dificuldades (Strengths and Difficulties Questionnaire - SDQ). A prevalência de problemas de saúde mental foi de 32 por cento (IC95 por cento: 31-33). Na análise ajustada, os 291 (6,7 por cento) recém-nascidos com escorez de peso/idade e os 268 (6,2 por cento) com índice de massa corporal (IMC)/idade < -2 DP tiveram, respectivamente, 27 por cento (IC95 por cento: 7-49) e 29 por cento (IC95 por cento: 10-51) maior risco de apresentar problemas de saúde mental aos 11 anos quando comparados com aqueles com escore normal. Os 102 (2,43 por cento) recém-nascidos com escorez de IMC e os 279 (6,4 por cento) com perímetro cefálico/idade > +2 DP tiveram, respectivamente, 34 por cento (IC95 por cento: 6-71) e 19 por cento (IC95 por cento: 1-40) maior risco de apresentar esses problemas se comparados com aqueles com escore normal. Os resultados sugerem que fatores ocorridos na gestação e refletidos nas medidas de tamanho ao nascer podem ocasionar problemas de saúde mental em etapas tardias.
Subject(s)
Child , Female , Humans , Infant, Newborn , Male , Birth Weight , Body Height , Mental Health , Mental Disorders , Body Mass Index , Brazil , Cohort Studies , Fetal Development/physiology , Infant, Low Birth Weight/psychology , Multivariate Analysis , Risk Factors , Sex DistributionABSTRACT
OBJETIVO: Analisar a associação entre problemas de saúde mental e uso de tabaco em adolescentes. MÉTODOS: Foram analisados 4.325 adolescentes de 15 anos da coorte de nascimentos de 1993 da cidade de Pelotas, RS. Tabagismo foi definido como fumar um ou mais cigarros nos últimos 30 dias. Saúde mental foi avaliada de acordo com o escore total do questionário Strengths and Difficulties Questionnaire e escore maior ou igual a 20 pontos foi considerado como positivo. Os dados foram analisados por regressão de Poisson, com ajuste robusto para variância. RESULTADOS: A prevalência de tabagismo foi 6,0 por cento e cerca de 30 por cento dos adolescentes apresentaram algum tipo de problema de saúde mental. Na análise bruta, a razão de prevalências para tabagismo foi de 3,3 (IC95 por cento 2,5; 4,2). Após ajuste (para sexo, idade, cor da pele, renda familiar, escolaridade da mãe, grupo de amigos fumantes, trabalho no último ano, repetência escolar, atividade física de lazer e uso experimental de bebida alcoólica), diminuiu para 1,7 (IC95 por cento 1,2; 2,3) entre aqueles com problemas de saúde mental. CONCLUSÕES: Problemas de saúde mental na adolescência podem ter relação com o consumo de tabaco.
OBJECTIVE: To analyze the association between mental health problems and smoking in adolescents. METHODS: A total of 4,325 adolescents aged 15 from the 1993 birth cohort of the city of Pelotas, Southern Brazil, was studied. Smoking was defined as having smoked one or more cigarettes in the previous 30 days. Mental health was assessed according to the total score of the Strengths and Difficulties Questionnaire. Score > 20 points was considered positive. Data were analyzed using Poisson regression with adjustment for robust variance. RESULTS: Smoking prevalence was 6.0 percent and about 30 percent of the adolescents presented some mental health problem. In the crude analysis, the prevalence ratio for smoking was 3.3 (95 percentCI 2.5; 4.2). After the adjusted analysis (for sex, age, skin color, family income, mother's level of schooling, group of friends who smoke, employment in the previous year, school failure, physical activity during leisure time and experimental use of alcohol), it decreased to 1.7 (95 percentCI 1.2; 2.3) among those with mental health problem. CONCLUSIONS: Mental health problems in adolescence may be related to tobacco consumption.
OBJETIVO: Analizar la asociación entre problemas de salud mental y uso de cigarro en adolescentes. MÉTODOS: Se analizaron 4.325 adolescentes de 15 años de la cohorte de nacimientos de 1993 de la ciudad de Pelotas, Sur de Brasil. Tabaquismo fue definido como fumar uno o más cigarros en los últimos 30 días. Salud mental fue evaluada de acuerdo con el escore total del cuestionario Strengths and Difficulties Questionnaire y escore mayor o igual a 20 puntos fue considerado como positivo. Los datos fueron analizados por regresión de Poisson, con ajuste robusto para varianza. RESULTADOS: La prevalencia de tabaquismo fue 6,0 por ciento y cerca de 30 por ciento de los adolescentes presentaron algún tipo de problema de salud mental. En el análisis bruto, la tasa de prevalencias de problema de tabaquismo de 3,3 (IC95 por ciento 2,5;4,2). Posterior al ajuste para sexo, edad, color de la piel, renta familiar, escolaridad de la madre, grupo de amigos fumadores, trabajo en el último año, repitencia escolar, actividad física de ocio y uso experimental de bebida alcohólica, disminuyó a 1,7 (IC95 por ciento 1,2;2,3) entre aquellos con problemas de salud mental. CONCLUSIONES: Problemas de salud mental en la adolescencia pueden tener relación con el consumo de tabaco.
Subject(s)
Adolescent , Female , Humans , Male , Mental Disorders , Mental Health , Smoking/psychology , Brazil , Cross-Sectional Studies , Prevalence , Surveys and Questionnaires , Sex Distribution , Smoking/adverse effects , Smoking , Socioeconomic Factors , Statistical DistributionsABSTRACT
O objetivo do estudo foi avaliar a efetividade de um programa educacional sobre tabagismo desenvolvido pelo Instituto Nacional do Câncer em adolescentes escolares de Pelotas, RS. Das 46 escolas públicas da cidade, 32 foram sorteadas aleatoriamente e, posteriormente, randomizadas em grupo controle ou intervenção. Em ambas as fases do estudo (pré e pós-intervenção), os estudantes de 7ª e 8ª série responderam a um questionário, e uma amostra de urina foi coletada para análise de cotinina. A intervenção educativa teve duração de seis meses. Os desfechos estudados foram: "auto-relato de uso de cigarros nos últimos 30 dias" e "concentração de cotinina na urina (categorizada em > 10 ng/ml e > 30 ng/ml)". A intervenção não provocou mudança na prevalência de tabagismo, tanto mensurado por auto-relato como pela concentração de cotinina. No entanto, o conhecimento dos alunos acerca dos malefícios do cigarro aumentou no grupo intervenção. Em resumo, não houve efetividade da intervenção educacional para mudanças de comportamento, mas houve melhora no conhecimento dos prejuízos do fumo.
Subject(s)
Humans , Adolescent , Adolescent Health , Tobacco Use Cessation/methods , Nicotiana , Tobacco Use Disorder , Tobacco Use Disorder/therapyABSTRACT
The study aims to describe and compare two methods of energy intake assessment and one measure of energy expenditure applied in adolescents from a birth cohort. In a sub-sample of the 1993 Pelotas (Brazil) birth cohort, followed up in 2006-7, information on intake was obtained through a food-frequency questionnaire (FFQ) and three 24-hour-recalls (24hR), while energy expenditure was assessed using an accelerometer. Bland & Altman plots were used in the analyses in order to compare the methods. The mean difference between FFQ and 24hR was 592 ± 929cal/day. Compared to energy expenditure, intake was overestimated when measured by FFQ (357 ± 968cal/day) and underestimated by 24hR (-278 ± 714cal/day). In spite of the great differences between energy intake obtained using the two methods, lower differences were observed when these methods were compared to expenditure.
O objetivo do estudo foi descrever e comparar dois métodos de avaliação de consumo calórico e uma medida de gasto energético aplicados em adolescentes de uma coorte de nascimentos. Em uma subamostra da coorte de 1993 de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, acompanhada em 2006-2007, informações sobre consumo calórico foram obtidas através de questionário de frequência alimentar (QFA) e três recordatórios de 24 horas (R24h), enquanto gasto energético foi avaliado por acelerômetro. Gráficos de Bland & Altman foram usados na comparação dos métodos. A diferença média entre QFA e R24h foi 592 ± 929cal/dia. Ao comparar com gasto energético, o consumo foi superestimado se medido pelo QFA (357 ± 968cal/dia) e subestimado pelo R24h (-278 ± 714cal/dia). Apesar da grande diferença no consumo, menores diferenças foram observadas quando os dois métodos foram comparados ao gasto energético.
Subject(s)
Adolescent , Female , Humans , Male , Diet Surveys/methods , Energy Intake/physiology , Energy Metabolism/physiology , Actigraphy/instrumentation , Brazil , Cohort Studies , Mental Recall , Models, StatisticalABSTRACT
The aim of the present study was to introduce Focused Principal Component Analysis (FPCA) as a novel exploratory method for providing insight into dietary patterns that emerge based on a given characteristic of the sample. To demonstrate the use of FPCA, we used a database of 1,968 adults. Food intake was obtained using a food frequency questionnaire covering 26 food items. The focus variables used for analysis were age, income, and schooling. All analyses were carried out using R software. The graphs generated show evidence of socioeconomic inequities in dietary patterns. Intake of whole-wheat foods, fruit, and vegetables was positively correlated with income and schooling, whereas for refined cereals, animal fats (lard), and white bread this correlation was negative. Age was inversely associated with intake of fast-food and processed foods and directly associated with a pattern that included fruit, green salads, and other vegetables. In an easy and direct fashion, FPCA allowed us to visualize dietary patterns based on a given focus variable.
O presente estudo teve objetivo de apresentar a Análise de Componentes Principais Focada (ACPF) como um método exploratório para investigar padrões alimentares a partir de características da amostra. Para exemplificar utilizou-se as variáveis idade, renda e escolaridade de um banco de dados de 1.968 adultos. O consumo alimentar foi obtido através questionário de frequência alimentar (QFA) com 26 itens alimentares. As análises foram realizadas no programa R. Os gráficos gerados evidenciaram iniquidades socioeconômicas na conformação dos padrões alimentares. Alimentos integrais, frutas e verduras foram diretamente correlacionados com renda e escolaridade, e cereais refinados, gordura animal e pão branco tiveram associação inversa. A idade mostrou-se como associada inversamente a alimentos fast-food e industrializados e, diretamente, a um padrão "saudável" que inclui frutas, salada verde e outros vegetais. De maneira fácil e direta, a ACPF permitiu a visualização de correlações entre alimentos a partir de variáveis escolhidas como foco.