RESUMEN
Transtorno bipolar (TB) é comumente associado à fase final da adolescência ou idade adulta jovem, embora em uma proporção substancial dos pacientes a doença comece em fases mais tardias da vida. Os resultados de várias investigações clínicas sugerem que casos de transtorno bipolar com início tardio têm, mais freqüentemente, uma "causa orgânica" e que isso justificaria a subdivisão do transtorno bipolar entre "início precoce" e "início tardio". Este artigo revê a literatura sobre a hipótese orgânica do transtorno bipolar de início tardio e conclui que essa subdivisão é artificial e carece de suporte clínico e epidemiológico.
Asunto(s)
Adulto , Anciano , Anciano de 80 o más Años , Humanos , Trastorno Bipolar/etiología , Edad de InicioAsunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Anciano , Psiquiatría Geriátrica/historia , Psiquiatría Geriátrica/tendencias , Salud del Anciano , AncianoRESUMEN
Delirium é um transtorno mental comum que tem sido associado a permanência hospitalar prolongada, aumento nos custos com cuidados médicos e maior morbidade e mortalidade entre idosos. De forma geral, o manejo de pacientes tem se limitado ao tratamento das complicações advindas do episódio agudo e dos distúrbios comportamentais e psicológicos associados ao delirium, embora isto pareça ter um impacto desprezível sobre o curso da doença e o prognóstico dos pacientes no longo prazo. Este artigo revisa o desenvolvimento de estratégias desenhadas com o objetivo de reduzir a incidência e as complicações clínicas do delirium e propöe que um tratamento efetivo de pacientes com delirium deve sempre incluir medidas básicas de prevençäo primária, secundária e terciária
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Factores de Riesgo , Manejo de Caso , Trastornos Neurocognitivos/complicaciones , Trastornos Neurocognitivos/prevención & control , Trastornos Neurocognitivos/terapia , Prevención Primaria , Salud del AncianoRESUMEN
BACKGROUND: Congestive heart failure is associated with decline in quality of life and, possibly, cognitive functions such as memory and attention. AIMS: The present study was designed to investigate the presence of cognitive impairment amongst patients with congestive heart failure (CHF). We hypothesised that CHF patients would have lower scores than elderly controls on general measures of cognitive functioning. METHODS AND RESULTS: We examined a sample of 50 consecutive patients admitted to hospital with CHF functional class III/IV and a convenience sample of 30 older adults assessed at the outpatient service of geriatric medicine of a teaching hospital in Säo Paulo, Brazil. All subjects were interviewed with the Cambridge Examination for Mental Disorders of the Elderly (CAMDEX), as well as the neuropsychological battery of the CAMDEX (CAMCOG), Mini-Mental State Examination (MMSE), Trail Making A and B, Digit Span, Digit Symbol, and Letter Cancellation Test. All CHF patients had left ventricular ejection fraction (EF) below 45 percent and all controls above 65 percent. The cognitive performance of CHF patients was significantly worse than controls for all cognitive assessments. Twenty-seven of 50 CHF patients had a MMSE total score lower than 24, compared with only 10/30 controls (p=0.073). Similarly, 36/49 and 9/30 CHF subjects and controls respectively had CAMCOG scores below 80 (p<0.001). Cognitive scores were significantly associated with EF, which was the most robust predictor of cognitive impairment according to the CAMCOG in a logistic regression model. CONCLUSION: Our results indicate that CHF is associated with significant levels of cognitive impairment and show that mental performance is, at least partly, a consequence of EF. Physicians should be prepared to assess the mental state of patients, as poor cognitive functioning may interfere with treatment compliance and management plan
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Anciano , Cognición/fisiología , Insuficiencia Cardíaca/fisiopatología , Atención/fisiología , Ventrículos Cardíacos/fisiología , Modelos Logísticos , Memoria/fisiología , Pruebas Neuropsicológicas , Volumen Sistólico/fisiologíaRESUMEN
A doença de Alzheimer (DA) está associada a deterioração das habilidades intelectuais e, com frequência, do comportamento do paciente. O paciente, porém, tem percepção limitada da gravidade e qualidade dessas alterações. Nós desenhamos este estudo para investigar a concordância entre pacientes e cuidadores na avaliação de dificuldades cognitivas e alterações do comportamento associadas à DA. Trinta pacientes com diagnóstico de DA (DSM-IV) atendidos consecutivamente no ambulatório de saúde mental da Santa Casa de São Paulo foram recrutados para inclusão no estudo. Um cuidador foi também selecionado para cada paciente. A concordância entre pacientes e cuidadores quanto às dificuldades cognitivas e alterações comportamentais foi avaliada através da versão ampliada do questionário para demência-anosognosia (QD). As habilidades cognitivas de pacientes e cuidadores foi avaliada através do mini exame do estado mental (MMSE). A idade média dos pacientes e cuidadores era 71,38 (IC=68,23 a 74,53) e 52,48 anos (IC=47,11 a 57,86) respectivamente. Sessenta por cento e 73,3 por cento dos pacientes e cuidadores eram do sexo feminino. O escore médio dos pacientes no MMSE foi 14,93 (IC=12,68 a 17,18). A concordância entre pacientes e cuidadores para os escores de itens individuais do QD, de acordo com o índice Kappa ponderado, variou de 0 a 0,67, embora valores menores do que 0,40 fossem observados para 39 dos 42 itens. O escore total dos pacientes na seção do QD que avalia habilidades cognitivas (QD-A) foi significativamente menor do que para os cuidadores (t-pareado = -4,07, p<0,001). O mesmo padrão de resposta foi observado na seção do questionário que avalia comportamento (QD-B).(t-pareado= -2,27, p=0,032). A correlação de Spearman entre os escores do QD-A e MMSE de acordo com o paciente e cuidador foi -0,39 e -0,57 respectivamente. Anosognosia cognitiva (diferença entre o QD-A de cuidadores e pacientes) não se correlacionou de forma significativa com o escore do MMSE (rho= -0,14) ou presença de depressão entre os pacientes (t= -0,40, p= 0,698). Estes resultados indicam que os pacientes têm percepção limitada dos déficits cognitivos e alterações de comportamento associadas à DA. Além disso, eles sugerem que a baixa auto-crítica dos pacientes não é influenciada de forma importante pela gravidade do quadro demencial ou presença de sintomas depressivos.
Asunto(s)
Humanos , Persona de Mediana Edad , Masculino , Femenino , Enfermedad de Alzheimer/psicología , Síntomas Conductuales/diagnóstico , Cuidadores , Anciano de 80 o más Años , Enfermedad de Alzheimer/enfermería , Trastornos del Conocimiento/diagnóstico , Trastorno Depresivo/diagnóstico , Escalas de Valoración Psiquiátrica , Autoimagen , Índice de Severidad de la Enfermedad , Encuestas y CuestionariosRESUMEN
Objetivos: A perimenopausa é frequentemente associada ao surgimento de alterações físicas e emocionais. Estudos prévios indicam uma associação entre variações dos hormônios folículo-estimulante (FSH), luteinizante (LH) bem como de estrógenos e o surgimento de transtornos do humor, particularmente depressão. Este estudo investigou a correlação entre mudanças nos níveis de estradiol (E2) e FSH e a sintomatologia depressiva em mulheres na perimenopausa. Métodos: Cinquenta mulheres foram recrutadas nos atendimentos de uma clínica de menopausa e de um serviço psiquiátrico para a realização de ensaio clínico com uso de 17 b-estradiol ou placebo. Selecionaram-se mulheres em perimenopausa (idade entre 40 e 55 anos, presença de alterações vasomotoras, irregularidade menstrual nos últimos 6 meses e/ou amenorréia há no máximo 12 meses, níveis de FSH>20UI/L) e com diagnóstico de transtorno depressivo pelo DSM-IV (transtorno depressivo maior, transtorno distímico ou transtorno depressivo sem outra especificação). Dosagens séricas iniciais e finais (semana 12) de FSH e E2, bem como avaliações da sintomatologia depressiva (escores da MADRS) foram analisadas e suas correlações investigadas. Resultados: As pacientes apresentaram mudanças (p<0,05) entre os níveis séricos de FSH e E2 colhidos pré e pós-intervenção (placebo ou 17 b-estradiol). Observou-se, também, mudança significativa na sintomatologia depressiva (p<0,05). Houve correlação significativa entre as mudanças na sintomatologia depressiva e as mudanças nos níveis de E2 (r de Pearson=0,436, p=0,003) e de FSH (r=0,554, p<0,001), independentemente do tipo de tratamento empregado. Conclusões: Embora limitado pelo tamanho da amostra e a subpopulação estudada, este estudo preliminar identificou uma correlação significativa entre sintomatologia depressiva e níveis séricos de FSH e E2. Seguimentos populacionais prospectivos poderão esclarecer o papel da variabilidade hormonal no surgimento/exacerbação dos transtornos depressivos na perimenopausa
Asunto(s)
Climaterio , Depresión , Diagnóstico , Estrógenos , PremenopausiaRESUMEN
Pacientes portadores de quadrados demenciais frequentemente apresentam uma série de sintomas neuropsiquiátricos que incluem distúrbios do humor, delírios, alucinações, sintomas vegetativos e alterações da atividade psicomotora. Este estudo foi desenhado com o objetivo de investigar a prevalência de morbidade psiquiátrica entre os pacientes com o diagnóstico clínico de demência (ICD-10) atendidos na clínica de memória da Santa Casa de São Paulo entre fevereiro de 1997 e maio de 1998. O estado mental e cognitivo dos pacientes foram avaliados com uma versão ampliada do SRQ-20 e o MMSE respectivamente. Quarenta e cinco porcento dos 75 pacientes disponíveis para análise apresentavam escores iguais ou maiores do que 8 no SRQ-20, indicando a presença de morbidade psiquiátrica significativa. Sintomas característicos de depressão foram relatados por 69,3 por cento dos indivíduos da amostra. Ideação persecutória e alucinações auditivas foram descritas por 20,0 por cento e 16,0 por cento dos idosos avaliados. Oito pacientes (10,7 por cento) descreveram a presença de ideação suicida - todos apresentavam sintomatologia depressiva. Pacientes com escores no SRQ-20 = 8 ou com ideação suicida eram significativamente mais jovens. Aqueles que relatavam alucinações auditivas apresentavam escores significativamente mais baixos no MMSE. Não se observou diferença significativa entre os sexos quanto à frequência dos sintomas investigados. O exame do estado mental deve ser parte integrante da avaliação do paciente com demência. A detecção e tratamento desses sintomas pode contibuir para diminuir o sofrimento do paciente e o estresse de seus cuidadores.
Asunto(s)
Humanos , Femenino , Anciano , Demencia/diagnóstico , Trastornos Mentales/diagnóstico , Atención Ambulatoria , Trastornos Mentales/epidemiología , Pacientes Ambulatorios , Prevalencia , Encuestas y CuestionariosRESUMEN
Women now spend more than 1/3 of their lives in a state of oestrogen deprivation as a result of increased life expectancy. A similar, but milder, hypogonadal state has been described for elderly men. This paper aims to review the available literature on the effects of both oestrogen and testosterone on mood and cognition. Oestrogen replacement therapy of postmenopausal women is associated with improvements in measures of well being and decline in depression scores. In addition, oestrogen seems to augment the response of postmenopausal women with major depression to antidepressant treatment. Most studies designed to investigate the impact of oestrogen on cognition indicate that replacement therapy is associated with better performance on neuropsychological tests, particularly in measures of verbal memory and fluency. The data also supports claims that oestrogen replacement therapy reduces the risk of Alzheimer's disease in later life and improves response of patients to anticholinesterase treatment. Data on the effects of testosterone is sparser. Preliminary findings suggest that testosterone therapy may improve mood when used in isolation or in association with oestrogen. The effects of testosterone on cognitive functioning are less clear - some studies indicate that the administration of testosterone to non-demented subjects is associated with better visuospatial functioning and deterioration of verbal skills. In summary, gonadal hormones seem to modulate various aspects of mental functioning. If future studies prove this to be true, hormone replacement therapy should have a major impact on the physical and mental health of older people in the years to come.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Afecto/efectos de los fármacos , Cognición/efectos de los fármacos , Estrógenos/farmacología , Testosterona/farmacología , Depresión/tratamiento farmacológico , Terapia de Reemplazo de Estrógeno , Estrógenos/uso terapéutico , Posmenopausia/efectos de los fármacos , Testosterona/uso terapéuticoRESUMEN
Objetivo: Investigar o padrão de uso de medicamentos, polifarmácia e uso impróprio de medicações entre indivíduos com 60 anos ou mais atendidos no serviço ambulatorial de saúde mental da Santa Casa de São Paulo, Brasil. Métodos: cento e oitenta e quatro pacientes atendidos de forma consecutiva foram avaliados sistematicamente quanto à dosagem e tempo de utilização de medicamentos na semana que antecedeu a consulta médica. A presença de sintomas físicos e psicológicos foi avaliada com a escala Saftee-Up simplificada. O uso impróprio de medicamentos foi avaliado através dos critérios de Stuck modificado. Resultados: O número médio de medicações consumidas por paciente foi de 2,46 - 41,3 por cento dos entrevistados utilizavam 3 ou mais medicamentos e 10,9 por cento utilizavam cinco ou mais medicações por dia. Antidepressivos (42,4 por cento), drogas anti-hipertensivas (32,6 por cento) e benzodiazepínicos (21,2 por cento) eram as medicações mais frequentemente utilizadas. Pacientes utilizando 3 ou mais medicações apresentavam escores mais elevados na tabela Saftee-Up (p=0,007). A análise de regressão logística indicou que os escores da Saftee-Up eram influenciados de forma significativa pelo número de diagnósticos clínicos (OR=1,85 p=0,030), mais não pela idade (OR=0,99, p=0,732), sexo (OR=0,67, p=0,317), número de diagnósticos psiquiátricos (OR=0,77, p=0,533) ou de medicações (OR=1,18, p=0,258). Trinta e quatro idosos (l8,5 por cento) vinham utilizando pelo menos uma medicação considerada imprópria. Conclusões: É importante que os psiquiatras estejam ciente das diretrizes internacionais para prescrição de drogas e participem ativamente para reduzir os riscos associados à polifarmácia e uso impróprio de medicamentos em idosos
Asunto(s)
Persona de Mediana Edad , Polifarmacia , Preparaciones Farmacéuticas , Salud MentalRESUMEN
Depressão é problema de saúde frequente entre idosos, embora a identificação desses pacientes seja muitas vezes difícil na prática clínica. Nesse sentido, a avaliação sistemática dos indivíduos nessa faixa etária pode contribuir para melhorar a detecção dos casos de depressão. Este estudo foi desenhado com o objetivo de avaliar a confiabilidade de teste-reteste das versões com 15, 10, 4 e 1 itens da Escala de Depressão em Geriatria (GDS). Foram selecionados 64 indivíduos com 60 ou mais anos de idade atendidos de forma consecutiva nos ambulatórios da Unidade de Idosos do Departamento de Saúde Mental da Santa Casa de São Paulo entre fevereiro e maio de 1998. Todos preenchiam critérios para o diagnóstico de transtorno depressivo (em remissão ou atual) de acordo com o CID-10 e apresentavam escores maiores do que 10 no Mini-Exame do Estado Mental. Eles foram avaliados duas vezes com a GDS-15, sendo as entrevistas conduzidas com intervalo de 48 a 72 horas. Cinquenta e um pacientes aceitaram participar do estudo. A concordância entre os escores de itens individuais da escala foi avaliada pelo coeficiente estatístico Kappa. Estes oscilaram entre 0,04 e 0,49, indicando baixa estabilidade na resposta dos pacientes. Os escores totais da GDS-15 mantiveram-se relativamente estáveis durante o reteste, conforme indicado pelo teste pareado de Wilcoxon (Z=1,60; p=0,109), correlação de Spearman (rho=0,86; p<0,001), e Kappa ponderado (Kappa=0,64). O mesmo padrão foi observado para a GDS-10 no teste de Wilcoxon (z=0,85; p=0,402), Sperman (rho=0,81; p<0,001), e Kappa ponderado (Kappa=0,60). O escore total da GDS-4 mostrou variações significativas do teste para o reteste (z=3,75; p<0,001; rho=0,56; p<0,001; Kappa=0,37). Esses resultados indicam que as versões com 1 e 4 ítens apresentam baixos coeficientes de confiabilidade. Isso sugere que essas versões têm utilidade clínica limitada. Por outro lado, a GDS com 15 e 10 ítens pode ser utilizada com relativa confiabilidade prática clínica, particularmente quando se consideram os escores totais das escalas.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Anciano , Depresión , Evaluación Geriátrica , Escalas de Valoración Psiquiátrica , Brasil , Reproducibilidad de los ResultadosRESUMEN
Diversos estudos indicam que o cuidado de pacientes com demência está associado a sobrecarga importante sobre a vida do cuidador. Há evidências crescentes de que esse desgaste está mais intimamente ligado à presença de sintomas não cognitivos (ou psiquiátricos). Este estudo tem como objetivo realizar revisão sistemática da literatura sobre esse assunto de todos os trabalhos listados no banco de dados MedLine, que incluíssem os seguintes unitermos: ïburden of impact or costïe ïdementia or Alzheimerïs diseaseïe ïcarer or caregiver or caregiving or familyï. Foram incluídos artigos impressos entre janeiro de 1990 e janeiro de 1998. Quatorze estudos preencheram os critérios de inclusão da revisão, dentre aqueles disponíveis nas bibliotecas das universidades de São Paulo. Estes revelaram que transtornos de comportamento em pacientes dementados são importantes causas de sobrecarga na vida do cuidador, porém um consenso sobre o conceito desses transtornos ainda não está totalmente estabelecido. Além disso, não está claro quais sintomas não cognitivos são os principais responsáveis por aumento do impacto. Futuras pesquisas devem abordar esses aspectos no sentido de elucidar quais os melhores métodos de intervenção para esses casos.
Asunto(s)
Humanos , Masculino , Femenino , Anciano , Conducta , Cuidadores , Demencia , Trastornos Mentales , Trastornos de la Sensación , Enfermedad de Alzheimer , Ansiedad/etiología , Cuidadores/psicología , Depresión/etiología , Trastorno de la Conducta SocialRESUMEN
O envelhecimento populacional vem provocando um aumento contínuo no número de idosos que buscam atendimento para problemas de saúde mental. Este trabalho teve como objetivo investigar transtornos mentais que mais frequentemente levam o idoso a um serviço de emergência psiquiátrica. Todos os idosos atendidos entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 1997 no pronto socorro de saúde mental da Santa Casa de São Paulo foram incluídos no estudo. Os diagnósticos psiquiátricos seguiram as diretrizes da CID-10. Um total de 5.434 atendimentos foram feitos durante esse período, sendo que 398 (7,3 por cento) desses indivíduos tinham 60 ou mais anos de idade. A idade média dos idosos que procuraram o Pronto Socorro era de 68,66 (CI= 67,88 a 69,43 - extremos 60 e 96 anos), e houve um excesso relativo de mulheres entre os idosos (67,3 por cento vs 51,2 por cento p<0,001). Transtorno do humor foi diagnóstico sindrômico mais comum entre os idosos (40,0 por cento), sendo 2,24 vezes mais frequente entre as mulheres (CI odds = 1,42 a 3,54). Na maior parte desses casos (78,2 por cento) a presença de um episódio depressivo maior foi a causa da consulta. Quatorze por cento dos idosos atendidos apresentavam uma síndrome demencial como principal diagnóstico. Outros diagnósticos frequentes foram transtornos ansiosos (15,4 por cento) e esquizofreniformes (14,4 por cento, alcoolismo (4,1 por cento), e abuso de sedativos (2,6 por cento). Cinquenta e nove por cento dos idosos atendidos foram encaminhados para tratamento ambulatorial, enquanto 20,3 por cento dos casos necessitaram de acompanhamento em regime de internação. Os transtornos mentais do idoso já representam uma parcela importante dos atendimentos realizados em um pronto-socorro psiquiátrico. É importante que os profissionais de saúde estejam cientes das particularidades dos quadros clínicos nessa faixa etária e tenham condições de conduzir de forma adequada o tratamento de idosos com problemas de saúde mental.
Asunto(s)
Anciano , Salud Mental , Servicios de Urgencia PsiquiátricaRESUMEN
A publicação de um artigo é o principal meio de divulgação do trabalho científico. Ela serve, também, para estabelecer a prioridade sobre as descobertas relatadas bem como a responsabilidade sobre o conteúdo do material publicado. Este trabalho foi concebido com o objetivo de investigar os fatores que os profissionais trabalhando junto ao Departamento de Saúde Mental da Santa Casa de São Paulo consideram relevantes para que um indivíduo seja incluído entre os autores de uma publicação científica. O questionário utilizado neste trabalho foi adaptado a partir da versão inglesa publicada por BHOPAL e col. (1997). A versão brasileira lista 18 itens frequentememte utilizados para a atribuição de autoria em publicações. Quarenta e três dos 50 profissionais do departamento responderam o questionário (19/20 médicos; 24/30 não médicos). Os médicos concordaram com um número menor de itens que os não-médicos (z=1,92, p=0,054), embora a diferença entre os grupos na distribuição dos itens individuais tenha sido significativa apenas para "concepção do trabalho", "coleta de dados" (limítrofe), "entrada de dados no computador" e "aprovação da versão final do artigo para publicação". Concluiu-se que houve variação quanto aos itens que os entrevistados consideraram relevantes para que o indivíduo seja incluído entre os autores de um artigo científico e que profissionais não-médicos apresentavam um perfil mais inclusivo do que os médicos. Propõe-se que o sistema de "autoria" seja substituído pelo de "colaboradores" e que a contribuição de cada um deles seja descrita de forma clara na publicação, a fim de que os créditos e responsabilidades possam ser atribuídos de forma adequada
Asunto(s)
Autoria , Sesgo de PublicaciónRESUMEN
O processo de envelhecimento é acompanhado de declínio em algumas habilidades intelectuais, embora apenas em alguns casos essa deterioraçao prossiga no sentido de evoluçao para demência. Este estudo teve como objetivo investigar a associaçao entre a queixa subjetiva de dificuldades com a memória e o diagnóstico de demência entre os idosos atendidos em um ambulatório de saúde mental. Todos os casos novos com mais de 60 anos de idade avaliados na Unidade de Idosos do Ambulatório de Saúde Mental da Santa Casa de Sao Paulo entre fevereiro e dezembro de 1997 foram incluídos no estudo. Eles foram avaliados de forma sistemática com o SRQ-20, MMSE e avaliaçao clínica para realizaçao do diagnóstico de acordo com a CID-10. Dos 220 idosos avaliados, 59,1 por cento queixavam-se de problemas com a memória. Setenta e um por cento dos que se queixavam eram do sexo feminino, embora nao houvesse associaçao clara entre sexo, educaçao, estado civil e viver só com dificuldades subjetivas de memória. Idosos com esse tipo de queixa tendiam a apresentar escores maiores no SRQ-20 (p=0,122). A sensibilidade da queixa de memória para o diagnóstico de demência foi 76,2 por cento, a especificidade foi 47,8 por cento, o valor preditivo positivo foi 36,9 por cento e o valor preditivo negativo foi 83,3 por cento. Conclui-se que queixas de problemas com a memória sao frequentes entre os idosos, e que sintomas ansiosos e depressivos podem ser um pouco mais freqüentes nesses pacientes. A vivência subjetiva de perda de memória possui baixo valor preditivo para o diagnóstico de demência. A identificaçao de populaçoes de risco para o desenvolvimento de demência deve basear-se em outros métodos de investigaçao como neuroimagem e genética.
Asunto(s)
Anciano , Femenino , Humanos , Persona de Mediana Edad , Demencia/diagnóstico , Memoria , Trastornos de la Memoria/complicaciones , Envejecimiento , Trastornos de Ansiedad/diagnóstico , Demencia/etiología , Trastorno Depresivo/diagnósticoRESUMEN
O diagnóstico de demência tem como base a presença de declínio da memória e de outras funçoes cognitivas. Diversos instrumentos foram desenvolvidos durante os últimos anos com o objetivo de auxiliar na investigaçao de possíveis déficits congnitivos em indivíduos de risco, como é o caso dos idosos. O Mini-Exame do Estado Mental (MMSE) é a escala de avaliaçao cognitiva mais amplamente utilizada com essa finalidade. Apesar disso, o MMSE ainda nao foi adequadamente validado para o diagnóstico específico de demência no Brasil. Este estudo foi desenhado com os seguintes objetivos: (1) investigar o melhor ponto de corte do MMSE para o diagnóstico de demência em uma amostra de idosos atendidos eem um ambulatório de saúde mental; e (2) estudar o impacto da idade e escolaridade sobre o escore total final da escala. Duzentos e onze pacientes com mais de 60 anos de idade que buscaram tratamento junto à Unidade de Idosos do ambulatório de saúde mental da Santa Casa de Sao Paulo entre fevereiro de 1997 e fevereiro de 1998 foram incluídos no estudo. Eles foram avaliados de forma sistemática com o SRQ-20, MMSE e entrevista clínica para realizaçao do diagnóstico clínico de acordo com a CID-10. Setenta (33,2 por cento) pacientes receberam o diagnóstico de demência. Os escores do MMSE foram comparados no grupo de pacientes sem e com demência. O ponto de corte 23/24 (caso/nao caso) revelou índices de sensibilidade e especificidade de 84,3 por cento e 60,3 por cento respectivamente. O escore total do MMSE correlacionou-se de forma significativa com a idade (r= -0,41; p<0,001) e com a escolaridade (F=12,69; p<0,001). Análise de covariância do MMSE entre os diferentes níveis de escolaridade mostrou que apenas o grupo sem escolaridade formal diferia dos demais quando o efeito da idade era levado em consideraçao (F=10.51, p<0.001). O ponto de corte 19/20 no MMSE apresentou sensibilidade de 80,0 por cento e especificidade de 70,9 por cento para o diagnóstico de demência entre os idosos sem escolaridade. O ponto de corte 23/24 no MMSE associou-se a taxas de sensibilidade e especificidade de 77,8 por cento e 75,4 por cento respectivamente para idosos com histórico escolar prévio. Conclui-se que é necessário utilizar pontos de corte diferenciados no MMSE para idosos sem e com instruçao escolar que estejam sendo avaliados para a presença de um possível quadro demencial.
Asunto(s)
Persona de Mediana Edad , Humanos , Masculino , Femenino , Demencia/diagnóstico , Escala del Estado Mental , Factores de Edad , Atención Ambulatoria , Brasil , Intervalos de Confianza , Escolaridad , Valor Predictivo de las Pruebas , Sensibilidad y EspecificidadRESUMEN
A demência do tipo Alzheimer (DA) é uma doença degenerativa que há até pouco tempo nao tinha nenhum tratamento eficaz. Pesquisas realizadas a partir da década de 70 revelaram que os sistemas cerebrais que utilizam acetilcolina encontram-se gravemente comprometidos nesses pacientes, o que serviu de base para a introduçao da terapêutica de base colinérgica da doença. Os inibidores da acetilcolinesterase foram os primeiros medicamentos que demonstraram ser úteis para o tratamento da DA em ensaios clínicos controlados contra placebo. Este artigo revê os principais estudos desenhados para investigar eficácia e efeitos adversos da tacrina, donepezil, rivastigmina, e metrifonato em pacientes com DA. Discutem-se, ainda, os fatores que podem interferir na resposta do paciente ao tratamento com anticolinesterásicos, bem como as limitaçoes inerentes a esse tipo de abordagem terapêutica.
Asunto(s)
Humanos , Enfermedad de Alzheimer/tratamiento farmacológico , Inhibidores de la Colinesterasa/uso terapéutico , Inhibidores de la Colinesterasa/efectos adversosRESUMEN
O processo acelerado de envelhecimento da populaçäo brasileira ao longo dos últimos anos contribui para aumentar a freqüência de problemas de saúde associados à terceira idade. Entre estes destacam-se os problemas de saúde mental como depressäo e demência. Este estudo tem como objetivo descrever as características clínicas e sócio-demográficas dos idosos atendidos na unidade para idosos (UNID) do Departamento de Saúde Mental da Santa Casa de Säo Paulo entre 25 de fevereiro e 27 de junho de 1997. Para tal foram utilizados instrumentos padronizados de avaliaçäo do estado mental (SRQ-20, CAGE, MMSE) e das características demográficas do paciente. Os diagnósticos seguiram as diretrizes descritas na CID-10. Durante 16 semanas foram avaliados 124 pacientes com idade média de 70,44 anos; 75,0 por cento deles eram do sexo feminino e 21 por cento analfabetos. A renda familiar per capita média dos pacientes era de 5,16 salários mínimos. Depressäo (41,9 por cento) e demência (24,2 por cento) foram os diagnósticos mais freqüêntes. Queixas de problema de memória eram pouco especificas para o diagnostico de demencia. Os transtornos de saude mental do idoso apresentaram características que säo específicas para essa faixa etária, e o desenvolvimento coordenado de servicos de saúde voltados para as necessidades do idoso e permamente em nossa populacao
Asunto(s)
Masculino , Femenino , Humanos , Anciano , Anciano , Demencia , Depresión/diagnóstico , Salud del Anciano , Trastornos Mentales , Pacientes Ambulatorios , Encuestas y CuestionariosRESUMEN
Demência é um problema de saúde altamente prevalente, afetando 5 por cento das pessoas com mais de 60 anos e 20-40 por cento daqueles acima dos 80. As características que habitualmente acompanham o quadro clínico desses pacientes incluem deterioraçäo das habilidades intelectuais e alteraçSes do comportamento. Delírios, alucinaçöes, mania, ansiedade, inquietaçäo motora, distúrbios do ciclo vigília-sono, agressividade e transtornos alimentares säo exemplos dos distúrbios que podem comprometer o comportamento do paciente demenciado - säo justamente estes que causam maior sofrimento e estresse ao paciente e seus familiares. Este artigo revê as principais características das alteraçöes do comportamento que acompanham os quadros demenciais e discute as alternativas farmacológicas para seu manejo e controle
Asunto(s)
Persona de Mediana Edad , Ansiedad/terapia , Demencia/terapia , Depresión/terapia , Enfermedad de Alzheimer/terapia , Trastorno de la Conducta Social/terapia , Trastornos Psicóticos/terapiaRESUMEN
Several recently published studies showed the existence of an association between the allele (4 of the apolipoprotein E and Alzheimer's disease (AD) in developed countries. We examined this association in 55 patients with possible or probable AD and 56 elderly controls referred to outpatient clinics at the "Hospital das ClÝnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de SÒo Paulo "and "Centro de Saude Escola da Faculdade de Saude Publica da Universidade de Sao Paulo". The allele (4 was significantly more frequent among patients than controls (20.9 percent vs 8.9 percent, p=0.038). Thirty-six percent of the cases presented with at least one allele (4 compared with only 17.9 percent of the controls (p=0.027). The presence of at least one (4 allele increased by 2.63 times the risk of subjects being diagnosed as suffering from AD. All three (4(4 patients were male and had a pre-senile onset of the disease. There was no significant difference between senile and pre-senile cases (41.9 percent vs 29.2 percent, p=0.326) nor between men and women (36.0 percent vs 36.7 percent, p=0.959) regarding their risk of being (4. The age at onset of symptoms did not differ among the different genotype groups, although (4(4 cases showed a consistent trend for earlier onset. When only patients with the diagnosis of "probable AD" were included in the analysis (n=43), we observed that 22.1 perccent of the alleles were (4, a rate that was significantly higher than the 8.9 percent of controles (p=0.024). This study supports the association between the presence of the (4 allele and AD and extend this finding to Brazilian patients. Nonetheless, the presence of this allele is not necessary nor sufficient for the development of the disease and it is possible that its contribution to the pathogenesis of the disorder depends on the subject's ethnic group.